dema
Por
que não ter sido eu diferente,
empolgado
como tanta gente,
gosto
por festa e farta folia,
a fazer
da vida só alegria?
Mas
fui plasmado com a tristeza
misturada
a infrene solidão,
fato
sem causa, enorme estranheza
sequer
plausível explicação.
O
que esclarece o tornar-me assim,
se
a mão de Deus sempre esteve em mim?
Ou
sou fruto do meu próprio meio,
desprovido de qualquer anseio?
Talvez
more aqui minha fraqueza:
na
não conquista dos ideais,
total
entrega à própria incerteza,
não
ter amado como os demais,
jamais
sorrido pra vida boa,
não
expurgado essa desventura
de
solitude que a mim magoa,
nunca
vivido outras aventuras.
Sou
veloz fuga do social,
crítico
assaz do que for banal,
a
indiferença cotidiana,
a
rotina em nada puritana;
sou
desprazer do que se aproxima,
o mau
agouro da liberdade;
sou
o desgosto que te alucina,
o vil
desdém de tua vaidade;
sou
o joio bravo trançado ao trigo,
sou
quase morto, se bem, inda vivo,
sou
amálgama da torpe vida,
pétala
murcha da sempre-viva;
sou
tua gastura de cada dia,
a
razão solo de tua porfia.
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