dema
Se tu não renuncias
e ela entra no cio,
talvez te anuncie
a relação por um fio.
Porém, se te entregas,
quiçá nem te esfregue
e te achando assim brega,
te sobrecarregue.
Cabe a ti decidir
se partir ou ficar,
te entregar ou fingir
e a ti mesmo enganar.
Cabe a ti decidir...
"NUNCA É TARDE" é um blog que divulga ideias e produções que podem incrementar sua bagagem cultural. Traz textos profissionais, religiosos, literários, filosóficos, dentre outros.
domingo, 24 de junho de 2012
Dilema corniforme
sábado, 23 de junho de 2012
Como ler "Parabolize" (dema)
“Caso a malícia apareça em colete de cordeiro no discurso que te enviam”.
O texto “Parabolize” é, na verdade, uma parábola, que precisa ser lida no contexto do pensamento hobbesiano, “o homem é o lobo do próprio homem”, para se captar seu significado maior. O ser humano vê-se corroído pelo egoísmo, pela inveja, chegando a se deprimir com o sucesso alheio. Quer para si a fama de seus pares e que, para eles, ela se definhe. Vivendo em sociedade, no entanto, quando em vez, obriga-se, o invejoso, a tecer encômio ao seu colega, mas o faz inserindo código malicioso na mensagem que lho endereça. O substrato dessa mensagem é, de fato, o protesto pela queda deste. Eis que, então, “Parabolize” expressa os modos como a mensagem pode ser vista pelo destinatário, utilizando-se dos óculos como ferramenta. Óculos prestam-se a melhorar a visão, no caso, a percepção. Se as lentes são claras, a mensagem verdadeira, do desejo de mal, de destruição, de queda, é percebida imediatamente, como um vírus de computador detectado pelo antivírus. Isso se dá de forma tão abrupta e estúpida que fere profundamente o receptor. Melhor, talvez, trocá-las por lentes escuras. A mensagem real será captada, mas de forma atenuada, abrandada, malfazendo menos o destinatário. Todavia, é interessante que se tenham dois pares de óculos, um com lentes claras e outro com elas escuras, pois se possibilitará ao destinatário utilizar-se de qualquer deles a seu arbítrio. E por que não abolir qualquer espécie de óculos? Isso levaria o receptor a não enxergar a verdadeira mensagem do elogio, absorvendo-a pra deleite e inflação de seu ego, no entanto, equivocadamente. A abolição dos óculos não permitirá a decodificação da parábola e essa decodificação é prazerosa. Quanto à expressão “Vale!”, trata-se apenas de um verbete latino empregado para se dizer “adeus, passar bem!”
Veja, pois, clicando em
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Obsolescência
dema
O tempo não passa
enquanto aguardo que passe.
Afinal, vivo por graça,
sem graça,
vítima de trapaça.
Busquei construir-me e cheguei à desgraça.
O que cultivei, produzi, exauriu-se por si.
Restaram: ausência, solidão, saudades mil.
Então me pergunto:
e a carcaça? O que faço?
Não a quero em banco de praça,
nem a pretendo junto
a quem não me vê graça.
Não me sinto melhor que ninguém,
muito menos aquém.
Doído é o desdém.
Há de haver o que ainda me construa
ou me fiz obsoleto, descarte de rua ?
Corrói-me a alma, o tempo,
e retira, deste esqueleto, a calma.
Hoje não sou o que fui,
ou não seria o que sou,
Com o devir, a vida rui,
a deixar-me como estou.
Rotular-me-ei “alegria”,
para, ao menos, saudar o dia
de quem acaso me olhar
sem ver a ferrugem interior
corroer o resto de amor
que me fez realizar
o projeto de vida,
ora finda.
Fecha-se o círculo.
Fundem-se princípio e fim.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
The earth is on line
dema
E gira ao meu dispor
na tela de um monitor.
Strip-tease sem precedente,
o mundo desvela-se à minha frente.
Volteando ou não por Atenas,
bem defronte a meu nariz,
fazendo dois cliques apenas,
vou de São Paulo a Paris.
Em 3D, baixo em Campo de Marte,
e volvendo o olhar para o céu,
deslumbro-me com a Tour Eiffel,
monumento de engenho e de arte.
Mais uns cliques e eu na Catedral,
que Notre Dame nos livre do mal.
Se de ver à francesa me enjoo,
rumo Moscou e, na Praça Vermelha,
com a São Basílio no centro, ao meio,
sou minúsculo, em ter o Kremlin ao crepúsculo.
O suntuoso me atrai,
em devaneio, minh’alma sai e
vagueia. Agora, sigo a Dubai.
Na Burj Khalifa, chamo por Alá.
Pudera, a mil metros quase, haverá de estar lá.
As torres Petronas ficaram pra baixo,
na Malásia, sudeste da Ásia.
Tão longe e tão perto, que sorte a minha,
vendo-as assim tão juntinhas.
Mas, de repente, quero é Nova York.
Alheio, passeio no Central Park.
Ah, o Museu de Cera, a Times Square
e a Brooklyn Bridge para atravessar.
Deslizo o ponteiro pelo litoral,
em Miami estaciono e questiono, afinal,
é ou não minha terra natal?
De então, giro o mundo a parar em Las Vegas,
um drink, um carteado e toco a L.A.
Daí a San Diego, já já chegarei.
Vou cruzando o Pacífico e por Tokyo procuro.
Quero estar em Shangai inda quase no escuro
pra ver só beleza quando a noite cai
e, destarte, espantado, partir pra Beijin.
Depois a muralha marchar aos confins,
escalar as montanhas torrão de Nepal,
e fugir pra Mumbai, sim, pro Taj Mahal.
Seja o amor companheiro ao de onde a partida,
a aquecer sobrevoo da Andes gelada e
pousar minha nave, mas sem despedida
e sem saudação na hora de chegada.
Nauta sonhador, esse mundo percorro,
em trilhar virtual de inegável valor.
Se impossível fazê-lo por vias de fato,
ao menos em tela, apreciando-o eu morro.
The earth is on line,
girando ao meu dispor.
...
domingo, 17 de junho de 2012
Pelos fundos
dema
Procuro adentrar o mundo das letras pela porta dos fundos. Chegarei lá? Sei lá.
No entanto, é pela porta lateral ou pela dos fundos que os atores se dirigem aos camarins e depois ao palco, para, iluminados da ribalta, produzirem o espetáculo.
Mas como me tornar espetáculo de mim mesmo, se pouco sei, se quase nada sei, se o que sei já nem mais sei se sei ou para que serve o que sei?
Um mundo perdido no tempo, num universo próprio, onde Deus entra de teimoso ou porque ali se encontrava quando o tranquei.
O universo da fraternidade do eu só.
Mas e as letras, que perambulam nesse universo e não se prendem por barreiras apenas imaginadas, que perpassam, indo e vindo, corações, mentes e solidões?
Ah, persistirei nesse intento, ainda que não se abram as cortinas para o espetáculo. Ao menos assim o universo solilóquio existirá.
Procuro adentrar o mundo das letras pela porta dos fundos. Chegarei lá? Sei lá.
No entanto, é pela porta lateral ou pela dos fundos que os atores se dirigem aos camarins e depois ao palco, para, iluminados da ribalta, produzirem o espetáculo.
Mas como me tornar espetáculo de mim mesmo, se pouco sei, se quase nada sei, se o que sei já nem mais sei se sei ou para que serve o que sei?
Um mundo perdido no tempo, num universo próprio, onde Deus entra de teimoso ou porque ali se encontrava quando o tranquei.
O universo da fraternidade do eu só.
Mas e as letras, que perambulam nesse universo e não se prendem por barreiras apenas imaginadas, que perpassam, indo e vindo, corações, mentes e solidões?
Ah, persistirei nesse intento, ainda que não se abram as cortinas para o espetáculo. Ao menos assim o universo solilóquio existirá.
Assinar:
Postagens (Atom)