quarta-feira, 20 de junho de 2012

The earth is on line



dema
E gira ao meu dispor
na tela de um monitor.
Strip-tease sem precedente,
o mundo desvela-se à minha frente.
Volteando ou não por Atenas,
bem defronte a meu nariz,
fazendo dois cliques apenas,
vou de São Paulo a Paris.
Em 3D, baixo em Campo de Marte,
e volvendo o olhar para o céu,
deslumbro-me com a Tour Eiffel,
monumento de engenho e de arte.
Mais uns cliques e eu na Catedral,
que Notre Dame nos livre do mal.
Se de ver à francesa me enjoo,
rumo Moscou e, na Praça Vermelha,
com a São Basílio no centro, ao meio,
sou minúsculo, em ter o Kremlin ao crepúsculo.
O suntuoso me atrai,
em devaneio, minh’alma sai e
vagueia. Agora, sigo a Dubai.
Na Burj Khalifa, chamo por Alá.
Pudera, a mil metros quase, haverá de estar lá.
As torres Petronas ficaram pra baixo,
na Malásia, sudeste da Ásia.
Tão longe e tão perto, que sorte a minha,
vendo-as assim tão juntinhas.
Mas, de repente, quero é Nova York.
Alheio, passeio no Central Park.
Ah, o Museu de Cera, a Times Square
e a Brooklyn Bridge para atravessar.
Deslizo o ponteiro pelo litoral,
em Miami estaciono e questiono, afinal,
é ou não minha terra natal?
De então, giro o mundo a parar em Las Vegas,
um drink, um carteado e toco a L.A.
Daí a San Diego, já já chegarei.
Vou cruzando o Pacífico e por Tokyo procuro.
Quero estar em Shangai inda quase no escuro
pra ver só beleza quando a noite cai
e, destarte, espantado, partir pra Beijin.
Depois a muralha marchar aos confins,
escalar as montanhas torrão de Nepal,
e fugir pra Mumbai, sim, pro Taj Mahal.
Seja o amor companheiro ao de onde a partida,
a aquecer sobrevoo da Andes gelada e
pousar minha nave, mas sem despedida
e sem saudação na hora de chegada.
Nauta sonhador, esse mundo percorro,
em trilhar virtual de inegável valor.
Se impossível fazê-lo por vias de fato,
ao menos em tela, apreciando-o eu morro.
The earth is on line,
girando ao meu dispor.
...







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