sábado, 31 de outubro de 2009

Memórias Submersas

Memórias Submersas da Cidade de Nova Ponte

Uma obra de Elza de Melo Montes Resende


“Memórias Submersas da Cidade de Nova Ponte” é uma obra que todo novapontense que se preze precisa conhecer. ELZA DE MELO MONTES RESENDE faz um “resgate histórico/biográfico” da cidade e de seu povo.
Vasculha as remotas Bandeiras que chegaram ao “Sertão da Farinha Podre”. Narra a formação dos Distritos de São Sebastião e de São Miguel e sua fusão para constituírem o município de Nova Ponte. Discorre sobre as várias pontes construídas sobre o caudaloso rio Araguari, inicialmente para dar passagem ao gado sertanejo proveniente de Goiás e do Oeste Mineiro, tangido para os matadouros paulistas. Historia fatos e acontecimentos até o desaparecimento da cidade velha e a transposição para a nova, por força do enchimento do reservatório construído pela CEMIG para a hidrelétrica de Nova Ponte.
Elza, com muita propriedade, brinda-nos com informações sobre a ocupação da terra pelas tradicionais famílias “Montes” e “Melo” e sua miscigenação com “Pereiras”, “Resende”, “Pinto” e “Gomes”. Descreve as antigas fazendas, sobretudo a partir da segunda metade do século XIX e o estilo de vida (costumes, religião, festas) de seus moradores.
Elza alicerça sua narrativa em obra de Soares de Faria, publicada em 1939, em pesquisas realizadas junto a arquivos do Município, do IBGE, da CEMIG, UNB, Cartórios, dentre outros, e reproduz, ainda que sem rigor científico, as raízes e a evolução da cidade e de seu povo.
Paralelamente, mas integrando o contexto histórico, desfila a genealogia dos “Melo” e “Montes”, até os dias atuais.
A autora, durante longos anos, veio desenvolvendo seu trabalho, culminando num acervo muito rico de fatos, “causos” e fotografias, grande parte de sua propriedade.
Vale a pena conferir o resultado dessa empreitada. Parabéns, Elza Resende, pela iniciativa, pela dedicação e pela “grande” obra que produziu.

DEMA

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

BREVE JORNADA

Dema

Maycon Alves foi chamado e partiu aos 21 anos. Talvez, no instante em que acolhido,  tenha se dirigido a Deus assim:

Que desventura essa, meu Senhor,

Se mal cheguei e já me encontro de partida!
Quão breve fora a missão dessa jornada!
Por que tão curta a empreitada desta vida?
Um dossiê que até dispensa folheada!

Mas teus desígnios só Tu mesmo bem conheces.
A cada um dás o destino que escolheste.
Não sejam vãos os poucos anos que vivi.
Ter sido bom será que então já basta a Ti?

Que eu permaneça na memória dos que amei,
Com a certeza de que amado fui também.
Confio em Ti, muito feliz sei que serei;
Contigo parto, lado a lado, para o além.

Inda que breve, Te agradeço pela vida,
Valeu a pena deixares que eu tenha amado.
Até agora, em que faço a despedida,
Eu não me lembro de alguém ter odiado.

Toma, Senhor, este teu menino puro
E dá guarida aos meus queridos de aquém,
Com teu amor, Senhor, eu me contento, juro.
À Tua vontade, simplesmente digo amém.

29/10/2009


terça-feira, 27 de outubro de 2009

Dia do servidor público (28 de outubro)

"O Estado deve existir para a sociedade e não a sociedade para o Estado.Se esta ordem se inverte, está-se diante do Estado totalitário."

Dema

A designação “servidor público”, substituindo o desgastado binômio “funcionário público”, traz em si, subjacente, a expressão da essência funcional desse operário da sociedade.

O servidor público, diversamente da pejorativa e ofensiva conotação incrustada na figura do funcionário público, longe de regalias e privilégios, é aquela pessoa que se preparou, submeteu-se a prova e se decidiu por colocar-se a serviço da sociedade, exercendo função a que o Estado se obriga, enquanto instituição responsável pela manutenção da ordem, da justiça e do bem-estar social. Eis, assim, que a função de cada um deve integrar-se ao conjunto das atividades planejadas e a serem executadas pelo Estado, impondo-se com estas se harmonizar. Dessarte, não se pode compreender o trabalho isolado deste ou daquele servidor.

O fim último há de ser a busca do bem comum. Sob tal ótica, cumpre-lhe zelar, primeiro como cidadão e, em seguida, como operário da sociedade, pelo regular exercício das funções estatais, de modo a aplaudi-las, quando bem executadas, e a denunciá-las, quando de algum viés ocorrente.

A natureza da função é a de servir a todos e não de self-service.

Por mais que a  sociedade, às vezes, desconheça ou não entenda o papel do servidor público, quando bem exercido, este engaja-se na própria vocação humana, que é servir. A realização humana não se processa com o servir-se a si mesmo, mas com o servir a outrem. Jesus Cristo já dizia: não vim para ser servido, mas para servir. Quem quiser ser o maior, comece a servir.
Quando não se tem um patrão bem definido e presente, ou se a rotina induz ao desincentivo, é possível que a natureza de servidor se desfigure e se aproxime da de simples funcionário público.
Em ocasiões tais, há que se ouvir o toque da sineta de alerta e realimentar a responsabilidade do servir.
Preste-se este dia para reflexão, para a confraternização e para a revalidação da escolha que um dia fizemos.

Parabéns a todos os servidores.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Eu vô trabaiá, Sô Zé

Benedito Franco


Papai, o Sô Zé Franco, foi Juiz de Paz de Coronel Fabriciano, MG, durante anos e anos. A pedido do Juiz de Direito, exercia quase um Juizado de Pequenas Causas. As pendências menores, os oficiais de justiça, automaticamente, encaminhavam para ele. Respeitadíssimo. Dizia meu irmão padre, Geraldo Ildeo, que ele tinha a sabedoria e o bom senso salomônicos. A calma personificada, a bondade e a simplicidade de um São Francisco de Assis. Vigoroso e firme nas decisões. Apesar de ter estudado apenas o primário, um sábio e um justo.

A esposa

Recebia as pessoas em um modesto escritório, com um bureau e duas ou três cadeiras.
Em lá estando, entrou uma senhora de uns trinta e poucos anos, mas com aparência de cinqüenta, dirigiu-se a ele:
- Sô Zé Franco, dá um jeito no meu marido. Num güento mais ele. Ele bebe dia e noite e eu trabaio di manhã inté à noitinha. Quando chega em casa, bêbado e todo xujo, ainda me bate e toma o dinheiro que ganhei trabaiano com sacrifício, pra comprá cumida prus nossos fio.
Papai, como sempre, pensou, pensou. Olhou para ela e ela para ele. Ficou em silêncio uns breves minutos.
- A senhora não reage?...
Um "reage" em interrogação, meio longo.
Aí... ela é que pensou. Franziu a testa, sacudindo a cabeça. Olhou para o chão, olhou para o teto e depois de breve pausa olhou para ele:
- Brigado Sô Zé! Inté!
Deu com as mãos para os lados. Saiu apressada.

O esposo

Calmamente papai lia algo, sentado na cadeira do escritório, percebeu ter entrado alguém, mas continuou lendo um pouco mais, até terminar uma longa frase.
Quando olhou para o lado donde surgiu a pessoa, assustou-se, pois um homem apontava um revólver para ele; depois me disse que, pela primeira vez na vida tremeu um pouco, não de medo, mas de receio - não sabia a causa e o que acontecia.
- Sò Zé Franco, foi o Sinhô qui mandô minha muîé mi batê?
Ele, como sempre, calmamente, pensou, pensou. Lembrou-se da tal mulher:
- O senhor é o marido da senhora que esteve aqui há dias, reclamando que o senhor não trabalha, bebe e bate nela?
- É... é ela mermo qui vei aqui...
Papai, firme e categórico:- Olhe bem, homem que bate em mulher é covarde!
O homem com o revólver apontado para ele, num breve silêncio, as mãos e o revolver tremendo. De repente jogou o revólver no chão, ajoelhou-se e de mãos postas suplicou-lhe:
- Ô Sô Zé, pede minha muié pra não me batê mais. Eu prometo qui eu vô trabaiá. Num vô bebê e vô tratá bem ela e meus fio!
- Pede a ela para daqui um mês vir a meu escritório.
Lá se foi o pobre coitado cabisbaixo e chorando.
Depois de pouco mais de um mês apareceu a mulher, agora com melhores semblante e aparência, relatando que o marido voltou a trabalhar, deixou de beber, tratava-lhe e aos filhos muito bem e querendo até que ela largasse o emprego.
Assim era o meu pai...
Uma bela receita para algumas mulheres!

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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

VIVAS À VIDA!

DEMA

Caso a tristeza invada minh'alma
Por algo, sei, que jamais causei,
Desse meu peito não fará jaula,
Muito em breve eu a expulsarei.


É que nasci para a alegria,
Que sói a todos acontecer,
Pois sou travesso, sou da folia;
Tristeza, quem há de merecer?


A vida é pra ser bem vivida
Com alegria, amor e paixão,
Muito melhor se for dividida
Com quem se troca o coração


Vivas à vida, morte à tristeza!
Salve a beleza, salve a emoção!
Vivas à festa e à natureza,
Nosso habitat pela criação.


Troquem-se abraços, carícias, beijos
Toquem-se sinos, também canções,
Que se realizem muitos desejos,
Todos destruam os seus canhões.


Viver contente o maior presente,
A nós jorrado do criador,
Esse é o dever que se faz premente,
Pra ser cumprido com todo amor.


A vida é pra ser bem vivida,
Com alegria, amor e paixão.
Muito melhor se for dividida
Com quem se troca o coração.

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III ERESER-SP (FOTOS - EDÉLCIO - 17.10.09)

BASÍLICA DE APARECIDA (FOTOS - EDÉLCIO - 09.10.09)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Desejo Fidalgo

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!
Quisera eu desfrutar daquilo que a vida tem,
Que dá à minh’alma feição de ternura
E abranda-me o desejo de ser eu mais que alguém!

Se me aflige, acaso, o medo da batalha
E, posto que tirana, assusta-me a ameaça,
Busco no amor a força que agasalha
Aquilo que me impede planear esta desgraça:

Fugir à luta, falto de firmeza;
Salvar a vida, perdendo, assim, a batalha,
Decisão essa tão cruel, quão insensata, soberba e falha.

Mas, se ao revés, benevolente fosse,
Inverteria o lema deste ser infame:
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!



Este soneto foi criado para participação no concurso literário "Um Soneto para Machado de Assis", lançado pela Editora Litteris, em comemoração ao centenário da morte do primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis.

O objetivo do concurso era fazer com que novos ou veteranos escritores brasileiros completassem os doze versos faltosos do soneto machadiano deixados em aberto no romance "Dom Casmurro", em seu Capítulo LV, "Um Soneto". Esse soneto incompleto tinha como primeiro verso "Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!" e, como último, "Perde-se a vida, ganha-se a batalha!".

Este soneto foi publicado no livro "Um Soneto para Machado de Assis", Editora Litteris, Rio de Janeiro, 2008, página 100.

Regis Ribeiro

sábado, 17 de outubro de 2009

Objetivo/subjetivo

Dema


De há muito me questiono
Por que ser objetivo,
Se aos sentidos me abandono,
Vivo em mundo subjetivo


Sabe alguém me afirmar
Se meu verde é igual ao teu
Ou se teu vermelho-verde
Faz espelho para o meu?


O verde que me fascina
É tal qual a cor do mar,
Mas o azul que me ilumina
Esse vem do teu olhar


Eis que o branco me acalma,
É a cor da tua alma.
Se o vermelho me expulsa,
Já o roxo me é repulsa.
O lilás se denuncia
De ser próprio pra folia.
E se o preto me dá medo,
Também guarda um segredo:


“Tua voz me é poesia
Como o gosto de teus lábios,
Que maliciosos, sábios,
Dão-te um toque de magia.


Me excitam tuas carícias
E me entrego ao aconchego,
Uma fartura de delícias,
E uma noite sem sossego.

Mas o cheiro da manhã
Põe fim nesse romantismo,
Sabor acre de maçã
Chama-me ao objetivismo.”
                  ..............

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Abandono

DEMA

Encontra-se habilitado
Para mensurar a dor
Quem já foi abandonado
Pelo seu querido amor.

Pior, quiçá, do que a morte
É o vazio do abandono,
Ver fugir da vida o norte,
Esvair-se à noite o sono.

A morte consigo traz
Implícita aceitação,
Pois o que descansa em paz
Não volta de arribação.

Por mais, na morte, a ausência
De quem partiu se abrace,
Lembrança o chama à presença
Para eternizar o enlace.

Morte amor próprio não fere,
Tira o que a gente prefere.
Lembrança restante é saudade
Dos momentos de felicidade
Todavia, bem mais sentida
Há de ser a perda em vida.

Perda por abandono
É distância pretendida,
É a presença que morde
E que aumenta a ferida.
O que na memória sobra
Não se presta pra saudade,
É o gosto da infelicidade.

Coração apertado,
Mundo caído,

Alma partida,
Bem-querer dividido.

Grave desespero súbito,
Grito estridente e pranto.
Eis que a vida se aniquila
E só Deus sabe até quando.

Sentimento universal,
Com todo mundo é igual.
Nalgum instante fatídico,
Em que se desvela o verídico,
Amor e ódio se embatem,
Sem pena, em luta, se abatem.

Não se disputa o direito
À vida com o Ser Perfeito.
Talvez, por isso, oh! Senhor,
Perder em vida um amor
Torna o desgosto mais forte
Do que se advindo da morte.

                    .-.-.-.-.-.-.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O DIA DO PROFESSOR

DEMA

Dia 15 de outubro é comemorado no Brasil como o dia do Professor.
Como Professor trabalhei por quase treze anos, atuando no ensino médio, em escola pública, nas Minas Gerais.
É uma profissão árdua, mas muito gratificante. Dela não se pode esperar recompensa imediata. A labuta diaria é brava.
Quando me refiro a recompensa, é óbvio que não o estou fazendo no sentido financeiro, mas àquele sentimento de satisfação interior, de realização como ser humano, por ter contribuído para com a formação moral e cultural de outras pessoas.
Quem labora no ramo sabe muito bem que aqueles alunos menos disciplinados, e por isso mais merecedores de cuidados, quando adultos, trazem-nos sempre o reconhecimento de gratidão. Para o Professor é profundamente gratificante saber que cresceram e se transformaram em pessoas de bem, pais ou mães de família.
Imagino que hoje essa vocação-profissão enfrenta enormes dificuldades para ser exercida. Estamos vivenciando uma era de degradação dos costumes, dos valores. A importação de desvalores massificantes, alheios à moral, aos bons costumes, à religiosidade, choca-se com a ética, com o respeito do indivíduo por si próprio e pelo outro. A permissividade, a lascívia, o descompromisso, infelizmente, permeiam nossa juventude.
Todavia, em tais circunstâncias, mais do que nunca, é que realmente se impõe a necessidade do mestre compromissado, idealista, vocacionado, com força de vontade, para incutir o bem como objetivo na mente dos alunos, o espírito de solidariedade em suas almas, contribuindo, desse modo, para a construção de uma juventude sadia e, por consequência, de uma sociedade mais justa, solidária, operante, transformadora da natureza, mas pautada na ordem, na crença em um Ser Superior, princípio e fim de toda criatura.

Em seguida, o histórico do dia do professor no Brasil, extraído dos sites:

PARABÉNS A TODOS OS  PROFESSORES!



Você sabe como surgiu o Dia do Professor?


O Dia do Professor é comemorado no dia 15 de outubro. Mas poucos sabem como e quando surgiu este costume no Brasil.

No dia 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Tereza D’Ávila), D. Pedro I baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Esse decreto falava de bastante coisa: descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A idéia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida.

Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia dedicado ao Professor.

Começou em São Paulo, em uma pequena escola no número 1520 da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, conhecido como “Caetaninho”. O longo período letivo do segundo semestre ia de 01 de junho a 15 de dezembro, com apenas 10 dias de férias em todo este período. Quatro professores tiveram a idéia de organizar um dia de parada para se evitar a estafa – e também de congraçamento e análise de rumos para o restante do ano.



O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização. Com os professores Alfredo Gomes, Antônio Pereira e Claudino Busko, a idéia estava lançada, para depois crescer e implantar-se por todo o Brasil.

A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. O Decreto definia a essência e razão do feriado: "Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias".



Fontes:

Site www.diadoprofessor.com.br

Site www.unigente.com



Dia do Professor em outros países:

Estados Unidos: National Teacher Day - na terça-feira da primeira semana completa de Maio.

World Teachers’ Day - UNESCO e diversos países - 5 de Outubro

Tailândia - 16 de Janeiro

Índia - 5 de Setembro

China - 10 de Setembro

México - 15 de Maio

Taiwan - 28 de Setembro

Argentina - 11 de Setembro

Chile - 16 de Outubro

Uruguai - 22 de setembro

Paraguai - 30 de Abril
 
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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

ETERNAS IDÉIAS

DEMA


Se te quedas deveras abismado
Ante a concretude material,
Não te sintas mais assim chocado,
Eis ser isso muito natural.


Montanhas, castelos, monumentos,
Se acaso rebelada a natureza,
Viram pó por um simples movimento,
E se convertem em cenário de tristeza.


Com idéias acontece diferente,
Pós geradas, sobrepõem-se à matéria.
Existentes em realidade etérea,
Relevantes, ganham vida permanente:


“Não te olhes com desprezo,
Que és fonte de saber.
Conhecer-se a si mesmo
É virtude e poder.
Muito humilde reconheço
Que só uma coisa sei:
Se de mim pouco conheço,
Então é que nada sei.”
                         (Sócrates)


“Esse mundo dos sentidos
Representa imperfeição.
Cuida, pois, do teu espírito
E terás libertação.”
                         (Platão)


“Fruto da matéria e forma,
A substância subjacente,
Imutável, como norma,
Sustenta seus acidentes.
Mas potência ato se torna
Pela causa eficiente.”
                         (Aristóteles)


“A verdade nos livra do mal
E não há libertador igual.
Por que ao longe procurar a paz,
Se seu interior é que a traz?
Vida: é mistério a ser vivido,
Não problema pra ser resolvido.”
                      (Sidharta Gautama)


O Verbo faz-se “bassar”,
Vem entre nós habitar.
Consuma-se a redenção
Co’a morte e ressurreição.
“Amor, serviço e perdão
Dão sentido ao viver.
Quem quiser a salvação
Faça por bem merecer.”
                    (Jesus Cristo)


Ao Profeta, Alá revelou,
Por palavras de Gabriel:
“Jamais outro Deus haverá
(Que cria, orienta, sustenta).
Pra julgar submisso fiel
Um dia aqui voltará.”
                               (Maomé)


Ao longo da Idade Média,
Ptolemaica teoria,
Sem ser causa de comédia,
Reinou com supremacia.
Mas ao surgir era nova,
Todo o saber se renova.
Sob jura de hipotética,
Ou pena de heresia,
Nicolau, com muita ética,
A heliocêntrica cria.
                      (Copérnico)


“Para que serve a verdade,
Se não restar comprovada?
Argüir autoridade
A mim é o mesmo que nada.
Então, só generaliza
Quando houver algo comum
Provado pela pesquisa
Feita em casos, um por um.”
                        (Descartes)


“Age tal legislador
E qual súdito também.
Trata em ti a humanidade
Como ao outro que a detém.
Seja teu agir correto,
Como regra universal.
Cumpre teu dever discreto.
Terás honra colossal.”
                               (Kant)


“Se o pensamento evolui,
Fá-lo dialeticamente:
Tese, antítese, síntese
E assim sucessivamente.”
                              (Hegel)


“Se de todos é a terra.
Para que então a guerra?
Submissão à injustiça
Significa servidão
Resistência em paz é luta
E faz a revolução.”
                          (Gandhi)


“Eu vou limpar o planeta,
Eliminar os semitas
E quem mais se intrometa
No meu purismo racista.”
                           (Hitler)


“Revolta ou resistência,
Jamais, porém, violência.
Se assentem na mesma mesa
Seres cuja natureza,
Na idéia do Criador,
Não faz distinção por cor.”
                        (Luther King)


“Condenado à liberdade,
Eu me faço por projeto.
Temendo a fatalidade,
Essa escolha me angustia,
Pois sou dele o objeto
Sem nenhuma garantia.”
                         (Sartre)


Os excertos perfilados fazem prova
De que ao tempo sobrevive o pensamento.
A idéia, seja velha ou quando nova,
Em resumo, é quem provoca o movimento.




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