A
poesia chora a crueldade humana.
Dádiva
divina, chegou-nos a vida,
porém,
a não poucos, assaz combalida.
Não
se explica o modo vil-banal- insano
de como
a trata o poder palaciano
e o
tráfico e bombas do terror suicida.
Até
onde a cruz redime e o Livro mata?
Ou é
subterfúgio, apenas bravata?
Que
mais acomete a alma prisioneira
de
quem, promíscuo, arroga santidade,
senão
invejada alheia liberdade,
quando
usufruída da melhor maneira?
O
que acirra o ódio do que quer pra si
todo
o bem do próximo, a fortuna farta,
e
faz disso o ópio, pondo-o a perseguir
qualquer
vida aliena? Crê que o desacata?
De
que vale ao louco ter fé infartada,
pra barrar
a vida do infiel decente?
Infidelidade
em cabeça demente,
que
só a própria crença entende acertada.
A
poesia chora a crueldade humana,
a morte
de Zés e de estupradas Anas.
Diante
deste caos, imploro por socorro,
que
o Senhor da vida mude a nossa sorte,
de
nós tire o gene que conduz à morte,
e
vire esta página de sangue e choro.
em demasilva