dema
Sim, a noite
abusa de minha inocência,
deturpa meus
sonhos e meus pensamentos;
desnuda a
morena sem dó nem decência,
fazendo-me
amá-la com mil juramentos.
Ah, noite
vadia,
que vadio faz
o meu velho bom senso,
pois mal
nasce o dia, com a alma vazia,
me torno
hipertenso.
Adicto da
noite, me vou novamente
buscar
alimento pra minha fraqueza.
Violento a
malícia pra amar com pureza
aquela que
amei depravadamente.
Oh, vã
tentativa
de delicadeza
ante deslumbramento
que a musa me
causa e me tira a nobreza
naquele momento.
A culpa é da
noite, se nem vespertina,
já vem em
surdina, quer me atormentar,
em meu desassossego, mostra-me a sina
de amar a
morena, mas com abastardar.
Quero à luz
do dia,
ser meu
próprio dono, se bem me abandone
à aflição d’esperar
que a noite me a traga
pra outro
pecar.
Que sorte
esta minha, fugir eu nem posso,
que impressão
retrato pra quem me estima,
que vida
sofrida este meu “padre-nosso”,
como fel e mel
ao meu ser se destina.
Haverá perdão
se assim se
viver, só gozar e sofrer
(o demônio
noite não há de merecer):
Morena-paixão?