quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Gotas poéticas 2014

(encerrando)
dema


Hoje, vinte e sete do onze,
posto novembro lembre o nove,
já se escuta o tanger do bronze,
melodia que nos comove.

Uma novena de saraus:
recitais de intensa alegria,
fartura de prosa e poesia,
e, não tarda, chega o natal.

Aplausos aos versos e ao canto.
Mancheia de gotas poéticas,
nem sempre com rima ou com métrica,
porém, rega risos e pranto,
e ao fino sabor da estética,
suscita o prazer e o encanto
nas almas seletas ecléticas.

Mil vivas com palmas e louros
aos poetas e prosadores;
a quem promove esses eventos
sinceros agradecimentos.

Ao que só de ouvir ‘stá contente,
se tira, em respeito, o chapéu.
Seu deleite, quando aparente,
ao recitante vale um troféu.

Querida e distinta plateia,
pra fechar com clave de ouro,
convite, pro ano vindouro:
seguir nossa Assis-odisseia.

VER EM DEMASILVA

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Tobogã


dema

A vida desliza no tempo,
vai brincando de tobogã.
Tão veloz quanto o pensamento,
funde o hoje com o amanhã.
Quando menos então se espera,
tem-se, já, por completo o ciclo
(o efêmero se desespera
e termina pagando mico).
Pisa o doze o ponteiro grande,
Persegue, o fim, ao recomeço,
relançar-se qual bumerangue,
porém, outro é seu endereço.
A vida desliza no tempo,
tão veloz quanto o pensamento.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Arranjo


Raquel Ordones, minha amiga, leu "Conjecturas Poéticas", e decidiu fazer-me uma homenagem. Dedicou parte de seu tempo a redigir um texto, cujo gênero não se dispôs a definir, consturando, nele, com recheios de sua mente, todos os títulos de poemas que integram essa obra. Só consigo entender essa oferta como fruto de amizade e consideração por minha pessoa. Assim, publicamente, externo a ela minha gratidão, ao mesmo tempo em que lhe desejo sucesso com sua prolífera capacidade de produzir poesia. Muito obrigado,Raquel, e meu abraço. Assim escreveu:

Bom dia Ademar,

Li cada palavra do seu livro e ouvi também
Ousei escrever, não chega a ser uma resenha, é um texto que ainda não sei dar um nome.
Foi escrito com cada um dos títulos contidos em conjecturas poéticas... Espero que goste!

Bom demais ler-te. Parabéns!
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Conjecturas Poéticas

“Meus poemas” expus na “lacuna” dessa obra, são meus profundos sentimentos em meio a “tábula rasa” misturadas as “conjecturas” de mim.
Minha imaginação em seu “enlevo” se mostra em “peleja de pelo e pena” fazendo-se a mais sincera inspiração em sua “legitima defesa”.
Nesse meu alento em viagem pelas nuvens vejo a “ovelhinha desgarrada” que tenta ver a orquídea desabrochar a segunda flor e as minhas “lembranças abstratas” se mesclam a isso.
Começo então a descrever o que me ronda com os seguintes dizeres: “hoje eu queria...” e dentro de mim há uma “súplica” gigantesca tentando impedir a “morte ao mediano”, pois sei que a angustia e o medo são os “dois males terrenos” que em “dúplice” força faz de tudo para que a “confiança” desista.
Então prossigo, há tantas páginas em branco a serem preenchidas, não posso me tornar “vate confuso”, há um mundo lá fora com fome de leitura e não posso me deixar abater pela “inveja” dos obstáculos.
A minha imaginação eclética desfoca e capta os mais variados temas e os faz motes.
As palavras passeiam em mim tornando se versos do meu intimo...
— “vaidade feminina?”
— Não, é que procuro sempre ouvir os “simples conselhos” do meu coração que de “saudade e lembrança” me deixa escorrer “sem escape” a sua essência.
A minha mente fervilha e quase chego a acreditar no “paradoxo”, há um vídeo tape rodando incessantemente, onde rapidamente vejo “trevas e luz”, “belo e triste” e “talvez” tudo seja “utopia vã” penso estar em “outro orbe”.
Mas a poesia em mim é ato “rotineiro” que quase me sufoca com essa “cambada” de versos
que fazem em meu ser essa “politicalha” poética.
E compondo, me torno tão eu que tenho “l’arachide” de nós, eu e meus pensamentos nos tornamos uma “tromba d’água” de escritos, onde posso ver Poseidon a sacudir a ilha e o meu pensamento grita: “ai de ti, Haiti” sentindo-me Ex-lugo.
O percurso poético está quase à metade, mas há outra metade vazia e a “sádica lua” debocha de mim escondendo-se por entre nuvens, ofuscando a “herança em retrato” que guardo de “dona Leda” que me ensinou o bê-á-bá.
Não sei se posso adjetivar meu escrito de “poema lindo”, mas sei que é, parto de mim, resultado de um passado fértil talvez com alguns sintomas de “malfadada utopia”.
“Se soubesse” desse barulho que me atrapalha agora teria escrito no ato das minhas “labaredas” e não seria agora essa “estrela errante” tentando colocar no papel algo que quis se perder “com o tempo”.
Eu amo tudo isso, “é preciso amar” e quero amar com toda a força do amor, talvez algum dia eu pense : “quando o amor se foi” e é por isso que não quero ter comigo esse “contrato”, só quero amar no livre do agora, é que sei que nalgum lugar a culpa “pretendera” culpar-me em sua ilusão; porém confio piamente no “ébano olhar” do amor e faço minhas “confidências” sem nenhum medo do “prenuncio de açoite”.
O meu “sonhado amor” aqui também escrevo, é essencial que o faça, pois “coisas do amor” é vida, simples assim. Sei que há outros sentimentos que virão de encontro, mas o amor é imbatível e não há “duplo desprezo” que roube seu poder.
Nas noites de inverno, manhãs de primavera, tardes de verão,”folhas de outono” lá estará ele, sempre “à espreita” e quem tem o brilho de viver o verá explicito em sua frente e onde a solidão tenta penetrar, talvez sentirá “lá longe, o amor”, por ter se permitido essa “velha inquilina” que pinta “ilusão”, “donde a tristeza” faz o coração em “fragmento” roubando a “volúpia” e matando o desejo ora existente em “tua geografia” tornando o terreno da tua tez insensível.
E nessa minha “eroscracia mental” “erótica” há gritos soprados por um “vento safado” que agora, “às dezesseis e trinta...” ele se faz presente tocando “aeternitas” quase arrancando de mim gemidos e isso não sai da poesia, porque poesia é liberdade é o “transcendental” da mente, inda que seja “mais irônico do que fúnebre”.
Já viro a curva onde me mostra a ultima página deste, não consigo ver o que lá está escrito, mas já te digo; é que esse meu “sidéreo lado”, nesse mundo fantástico da poesia às vezes me pego “brincando de dum-dum” numa “esperada chuva” de leituras, onde também espero uma única palavra que seja de retorno, mesmo “sem saber” se boa ou ruim, mas espero.
Essa palavra, se boa, será a recompensa desse meu escrever, se ruim, entenderei; é não existe o cem por cento, e que agradar a todos é tolice.
Lá no início “inda vejo” “meus poemas” na primeira página, os escrevi no “silêncio noturno”, agora o sol já tem presença perto do céu e todo o vazio do branco foi preenchido com meu escrito, não vejo motivos para lê-los “quando eu morrer.”


ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 09/11/14

sábado, 8 de novembro de 2014

Sem inveja de mim


dema


Perdido em mim mesmo,
não quero vivalma.
Às vezes, arraso,
mor doutras, calma;
mas não vivo a esmo,
mui menos atraso.
Quiçá eu me achara,
tal como ninguém,
então, cara a cara,
se a vida me encara,
encaro-a também.
De quais seus limites
só ela os sabe,
pois que dos meus
é o gume do sabre
a cortar os palpites
sem sequer adeus.
Sou meu próprio dono,
plantado na terra,
com ódio de guerra;
sou filho de Deus,
não sinto abandono.
Levo a vida assim.
Jamais aconselho
ao pior dos fedelhos
inveja de mim.
Meu viver,
amar e sofrer,
meu querer.

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sábado, 1 de novembro de 2014

Incógnita?


dema




Que gosto sente a palmeira, ao relento,
com seu balançar pela força do vento?

Fico a pensar, quero inquirir;
sem ter a quem, tento intuir.

Juntando folhas pinadas,
em farfalhar sibilante,
como se pega em flagrante,
porém, nada atrapalhada
e sem vergonha, me diz:

­— Sinto-me muito feliz.


A mirradinha do lado,
mui safada e faladeira,
sem tomar qualquer cuidado,
baila como a companheira.

Vejo logo que as invejo,
essas lindas regateiras.
Mas, seria sacrilégio
enciumar-me das palmeiras?