domingo, 29 de abril de 2012

NO REINO DE ALI BABÁ.



dema

Terça feira, 6:10 da manhã. Hora da caminhada no parque da cidade. Levanto-me e me apronto. Tomo da chave e documentos da caminhonete e rumo para a garagem.
- Ué, ela não está ali. Meu Deus, cadê essa danada?
Verifico os portões. Todos fechados, nenhum sinal de arrombamento.
Retorno à cozinha, pego outro controle eletrônico e abro um deles.
Névoa espessa e fria enche a rua ainda deserta.
- Gente, olha aí a caminhonete, na contramão, mas em frente à casa!
Nenhum outro carro e nenhum movimento.
- Como me esqueci de guardar essa bichinha?
Ora, mas ela não poderia estar ali. Inevitavelmente teria sido roubada ou depredada, porém, rodas e pneus intactos.
- Será que quebraram os vidros?
- Não. Estão fechados e inteiros, apenas embaçados.
- Quem sabe a riscaram?
Circundo-a e nada. Perfeita.
As maçanetas, parecendo intocadas. Nenhum sinal de tentativa de violação.
- E se tiverem colocado uma bomba?
Deito-me debaixo do veículo, pelo lado de trás. Vasculho tudo e... nada. Talvez não a levaram porque a noite de segunda feira é vazia...
- Não, não pode ser. Existe alguma coisa errada neste reino de Ali Babá!

Súbito, acordo assustado com o barulho de partida de carro vindo da garagem. Levanto-me apressado, abro a janela do quarto e olho naquela direção. É meu filho saindo para o trabalho em seu carro.
- Ah, a caminhonete está lá, como sempre, ao lado do barco. Eu sabia que havia algo errado!...



segunda-feira, 23 de abril de 2012

Menina moça



dema

Lá vem a menina moça,
cintura delgada, quadris aprumados,
os seios hígidos e rijos, inda não devastados,
a pele viçosa, lisa, os cabelos cheios de vida.
Cruza por mim, não me olha ou, se olha, não me vê.
A vida inteira a espera, à espreita.
Os hormônios à flor, talvez a pensar no amor,
ou na prova da faculdade, na balada da sexta,
na viagem do sábado.
Aonde ela vai? Segui-la não posso, nem mesmo com os olhos.
Os anos cerceiam o pensar, a conduta que induz ao desejo,
ao querer, ao agir. Ela simplesmente passa.
Oh! Deus, mas que graça!!!
...

domingo, 22 de abril de 2012

Laura


dema

Laura imagina-se Amélia,
mas jamais se entregou.
Sempre sóbria, prioriza
trabalho ao amor.
Ombreia tristeza eterna,
alegria lhe é quimera,
obrigar-se, valor.
Laura, uma flor em pedra,
coração de bronze,
alma esculpida em ouro.
Desconhece-se mulher,
pensa saber o que quer.
Laura, ser intocado, carente
de tirar as sandálias e, descalça,
pisar o chão,
despir-se e
pecar.
Então, talvez,
Laura, um tesouro!