dema
Eu já tive um canarinho
que vivia sem gaiola,
cantava do próprio ninho
ao som da minha viola.
Alegrava as manhãs,
voejava no jardim,
depois, num bater de asas,
vinha pra pousar em mim.
Certo dia aventurou-se
em visitas ao vizinho,
do que fez sua rotina,
sempre com retorno ao ninho
Todavia, de uma feita,
sem sequer dizer-me adeus,
bateu asas para o mundo,
talvez pra juntar-se aos seus.
Eu fiquei aqui sozinho,
carregado de saudade,
enquanto meu canarinho
se esbaldava em liberdade.
Quis tirá-lo da lembrança
pra reduzir minha dor,
mas não se perde a esperança,
quando se trata de amor.