dema
Que hoje se apague o sol,
que a lua brilhe noutros prados;
pra longe a visão do arrebol,
somente os pensares macabros.
Talvez seja efeito de El Ninho,
minha alma está seca e fria,
por certo há de estar doentia,
repugna-lhe amor ou carinho.
Que o céu se cubra de preto
com rajas de roxo e laranja,
tal como este poemeto
que a musa malvada me arranja.
Espero o troar do trovão
rasgando o silêncio maldito
e seguir o estrondar do tufão
o mais horripilante grito.
Ei, vulcão, derrame suas lavas,
devaste a planície ao redor!
Tsuname, destranque suas travas
e invada onde achar melhor!
Que o fogo devore a floresta
e destrua a vida que resta;
se movam as placas da terra
co o fim do que a era encerra.
Que as feras circundem esse antro
e suas garras arranhem minh’alma.
Ganindo, afugentem meu pranto
e advenha-me aos poucos a calma.
Que o amor, se for forte, enfrente
a tristeza interior e da mente;
se vencer, me reponha a alegria
pra aguardar o renascer do dia.
...
"NUNCA É TARDE" é um blog que divulga ideias e produções que podem incrementar sua bagagem cultural. Traz textos profissionais, religiosos, literários, filosóficos, dentre outros.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Lamento d’alma
sábado, 13 de agosto de 2011
Se Marte me visita
dema
Tocou-me a campainha o vizinho,
que há milênios, bem me lembro, não o via.
Humorada fui fazer-lhe cortesia,
longo papo e uma taça do bom vinho.
Mas que aparência estranha, meu amigo,
o que em remotas eras foi comigo,
crateras se espalharam por tua face,
por que não maquiá-la pra disfarce?
Ao te ver, penso na moça-menina
que, em se olhando no espelho, lacrimeja:
onde a pele limpa, de veludo e fina,
que ao beijo da mamãe vira cereja?
É que tanta espinha me instiga,
ou quem te arrancou cravos profundos;
foram marcianos ou ETs de outros mundos,
que te fizeram feio por intriga?
Qual “porquê” desse vermelho carregado?
Ah, sou curiosa, companheiro
Por acaso teu PT andou zangado
ou te tornaste um comunista por inteiro?
Talvez haja um Marx marciano,
ou um Satanás que, por engano,
te tenha visitado e aí fincadoeterna moradia pro pecado.
Se bem não me pareças comunista
e nem tenhas cara de malvado,
apenas a feição tão esquisita,
mas sempre mui amigo, longe e ao lado.
De repente não sou boa anfitriã,
desse jeito esculhambado te inquirindo,se meu manto azul-celeste vai cobrindo
malvadeza toda própria de vilã.Perdoa-me o faltar com a gentileza,
pois que com galhofas eu te trato;
certo é termos a mesma natureza
e pra findar o papo me retrato.
domingo, 7 de agosto de 2011
RETORNO
dema
De novo à pena da caneta,Hoje teclado digital,Pronto para cantar a dor,Para cantar o amor,Falar do bem e do mal.
Dar vida para a saudade,
Melhor entender a tristeza,
Denunciar toda maldade
E aquele que maltrata
Até a própria natureza.
Ser vate não é fácil mesmo,
Pois a inspiração é intermitente,
Por vezes ele vaga a esmo,
Nefelibata, qual demente.
Mas na escuridão da noite,
Vazia a alma a procurar
Os fados, fatos que emocionam
Qualquer gente em qualquer lugar,
Poeta, põe-se a soluçar.
Quimeras lhe oprimindo o peito,
Caçador de amores e ilusão,
Se o belo for o par perfeito,
Pr’outras plagas vai-se a profissão.
Pode ser que a felicidade
Esteja, sim, em buscar perfeição,
Trajetória de trabalho e dor,
Pra conquistar o amor
Em toda sua dimensão.
Eis aí a minha nobre sina,
Que só Deus pode iluminar,
Enviar-me a musa que ensina
Nessa trilha a desviar das minas e
A tecer uns versos soltos, loucos,
Mas que induzem um pouco
A aprender a amar....
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
XVI ENESER
29 a 31 DE JULHO DE 2011 – SEMINÁRIO R SANTO AFONSO – APARECIDA – SP
Mais uma vez: reencontro com Deus e com os amigos; confraternização; vivência de fé, de reconhecimento, de graças.
Mui lembrado e homenageado, como não poderia ser diferente, nosso saudoso Pe. Libardi. Mas a vida continua, embora se pense em dimensões distintas.
Nosso orientador espiritual, o amigo Pe. Antônio Dezidério Frabetti (Pe. Toninho). Para mim será sempre o Dezidério, mas se for o Orientador Permanente, tenho certeza de que será o ONZidério. Que o Espírito Santo o ilumine para que possa ajudar na condução desse rebanho de cabelos grisalhos (quem ainda os tem), porém, com muita lucidez e disposição. Que seu múnus lhe permita ser fator de unidade, nunca de dissenso.
Ademar, Camila e Daniel, saindo de Uberlândia (MG) para juntar-se aos amigos interestaduais, de RO a SC (Boquinha, você foi o máximo, ainda mais com o Laerte).
Rezamos, conversamos, rimos, nos divertimos. Excelente encontro no sábado de manhã, rito penitencial vespertino e música. Pena que perdemos o domingo, tivemos que sair cedo, mas soube que o encontro se fechou com chave de ouro – a celebração eucarística.
Notícias boas: a participação do Edélcio no domingo e a indicação de Onzidério para orientador.
Muito obrigado e parabéns aos organizadores (sem nome para não se cometer pecado).
Aguardamos o Retiro.
Vamos ver nossas fotos.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Desmesurável
dema
A métrica do verso põe rédeas na mente,
trunca palavras doces e belas,
ata mordaça na alma inocente,
arvora-se em causa de muitas mazelas.
Ancila de regras que enquadram o poema
e coíbem, por vezes, o poeta nato
que, amante do belo, arrosta o dilema:
tornar-se seu servo ou sua tanato.
Regras se implantam, mas deixam janelas,
não se sobrepõem à alma do amante
que, na paixão, se alevanta gigante
para abater qualquer uma delas.
O amor não se prende à melhor das amarras,
dela se solta mui facilmente;
mostra irado suas próprias garras,
desata os nós da alma e da mente.
Destranca as travas com maestria,
pra em prosa ou verso jorrar poesia;
inda que rude, sem ritmo ou rima,
há de ser sempre uma obra prima.
O que pode, então, ao amor obstar
que se derrame em pujante cascata,
que se declame ante o sol e o luar,
ou de ser tema desta serenata?
Mede-se o verso, desmede-se o amor
razão do prazer, da dor e da flor,
advindo que é do senhor do Universo,
sem regras comanda a prosa e o reverso.
........................
A métrica do verso põe rédeas na mente,
trunca palavras doces e belas,
ata mordaça na alma inocente,
arvora-se em causa de muitas mazelas.
Ancila de regras que enquadram o poema
e coíbem, por vezes, o poeta nato
que, amante do belo, arrosta o dilema:
tornar-se seu servo ou sua tanato.
Regras se implantam, mas deixam janelas,
não se sobrepõem à alma do amante
que, na paixão, se alevanta gigante
para abater qualquer uma delas.
O amor não se prende à melhor das amarras,
dela se solta mui facilmente;
mostra irado suas próprias garras,
desata os nós da alma e da mente.
Destranca as travas com maestria,
pra em prosa ou verso jorrar poesia;
inda que rude, sem ritmo ou rima,
há de ser sempre uma obra prima.
O que pode, então, ao amor obstar
que se derrame em pujante cascata,
que se declame ante o sol e o luar,
ou de ser tema desta serenata?
Mede-se o verso, desmede-se o amor
razão do prazer, da dor e da flor,
advindo que é do senhor do Universo,
sem regras comanda a prosa e o reverso.
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