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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Lamento d’alma

                                   dema

Que hoje se apague o sol,
que a lua brilhe noutros prados;
pra longe a visão do arrebol,
somente os pensares macabros.


Talvez seja efeito de El Ninho,
minha alma está seca e fria,
por certo há de estar doentia,
repugna-lhe amor ou carinho.


Que o céu se cubra de preto
com rajas de roxo e laranja,
tal como este poemeto
que a musa malvada me arranja.


Espero o troar do trovão
rasgando o silêncio maldito
e seguir o estrondar do tufão
o mais horripilante grito.


Ei, vulcão, derrame suas lavas,
devaste a planície ao redor!
Tsuname, destranque suas travas
e invada onde achar melhor!


Que o fogo devore a floresta
e destrua a vida que resta;
se movam as placas da terra
co o fim do que a era encerra.


Que as feras circundem esse antro
e suas garras arranhem minh’alma.
Ganindo, afugentem meu pranto
e advenha-me aos poucos a calma.


Que o amor, se for forte, enfrente
a tristeza interior e da mente;
se vencer, me reponha a alegria
pra aguardar o renascer do dia.


          ...

sábado, 13 de agosto de 2011

Se Marte me visita


dema

Tocou-me a campainha o vizinho,
que há milênios, bem me lembro, não o via.
Humorada fui fazer-lhe cortesia,
longo papo e uma taça do bom vinho.

Mas que aparência estranha, meu amigo,
o que em remotas eras foi comigo,
crateras se espalharam por tua face,
por que não maquiá-la pra disfarce?

Ao te ver, penso na moça-menina
que, em se olhando no espelho, lacrimeja:
onde a pele limpa, de veludo e fina,
que ao beijo da mamãe vira cereja?

É que tanta espinha me instiga,
ou quem te arrancou cravos profundos;
foram marcianos ou ETs de outros mundos,
que te fizeram feio por intriga?


Qual “porquê” desse vermelho carregado?
 Ah, sou curiosa, companheiro 
Por acaso teu PT andou zangado
ou te tornaste um comunista por inteiro?

Talvez haja um Marx marciano,
ou um Satanás que, por engano,
te tenha visitado e aí fincado
eterna moradia pro pecado.

Se bem não me pareças comunista
e nem tenhas cara de malvado,
apenas a feição tão esquisita,
mas sempre mui amigo, longe e ao lado.

De repente não sou boa anfitriã,
desse jeito esculhambado te inquirindo,
se meu manto azul-celeste vai cobrindo
malvadeza toda própria de vilã.

Perdoa-me o faltar com a gentileza,
pois que com galhofas eu te trato;
certo é termos a mesma natureza
e pra findar o papo me retrato.

domingo, 7 de agosto de 2011

RETORNO

                              




dema

  
De novo à pena da caneta,
Hoje teclado digital,
Pronto para cantar a dor,
Para cantar o amor,
Falar do bem e do mal.

Dar vida para a saudade,
Melhor entender a tristeza,
Denunciar toda maldade
E aquele que maltrata
Até a própria natureza.

Ser vate não é fácil mesmo,
Pois a inspiração é intermitente,
Por vezes ele vaga a esmo,
Nefelibata, qual demente.

Mas na escuridão da noite,
Vazia a alma a procurar
Os fados, fatos que emocionam
Qualquer gente em qualquer lugar,

Poeta, põe-se a soluçar.

Quimeras lhe oprimindo o peito,
Caçador de amores e ilusão,
Se o belo for o par perfeito,
Pr’outras plagas vai-se a profissão.

Pode ser que a felicidade
Esteja, sim, em buscar perfeição,
Trajetória de trabalho e dor,
Pra conquistar o amor
Em toda sua dimensão.

Eis aí a minha nobre sina,
Que só Deus pode iluminar,
Enviar-me a musa que ensina
Nessa trilha a desviar das minas e
A tecer uns versos soltos, loucos,
Mas que induzem um pouco
A aprender a amar.
                   ...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

XVI ENESER

29 a 31 DE JULHO DE 2011 – SEMINÁRIO R SANTO AFONSO – APARECIDA – SP

Mais uma vez: reencontro com Deus e com os amigos; confraternização; vivência de fé, de reconhecimento, de graças.
Mui lembrado e homenageado, como não poderia ser diferente, nosso saudoso Pe. Libardi. Mas a vida continua, embora se pense em dimensões distintas.
Nosso orientador espiritual, o amigo Pe. Antônio Dezidério Frabetti (Pe. Toninho). Para mim será sempre o Dezidério, mas se for o Orientador Permanente, tenho certeza de que será o ONZidério. Que o Espírito Santo o ilumine para que possa ajudar na condução desse rebanho de cabelos grisalhos (quem ainda os tem), porém, com muita lucidez e disposição. Que seu múnus lhe permita ser fator de unidade, nunca de dissenso.
Ademar, Camila e Daniel, saindo de Uberlândia (MG) para juntar-se aos amigos interestaduais, de RO a SC (Boquinha, você foi o máximo, ainda mais com o Laerte).
Rezamos, conversamos, rimos, nos divertimos. Excelente encontro no sábado de manhã, rito penitencial vespertino e música. Pena que perdemos o domingo, tivemos que sair cedo, mas soube que o encontro se fechou com chave de ouro – a celebração eucarística.
Notícias boas: a participação do Edélcio no domingo e a indicação de Onzidério para orientador.


Muito obrigado e parabéns aos organizadores (sem nome para não se cometer pecado).


Aguardamos o Retiro.


Vamos ver nossas fotos.
                                     

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Desmesurável

                                                    dema

A métrica do verso põe rédeas na mente,
trunca palavras doces e belas,
ata mordaça na alma inocente,
arvora-se em causa de muitas mazelas.


Ancila de regras que enquadram o poema
e coíbem, por vezes, o poeta nato
que, amante do belo, arrosta o dilema:
tornar-se seu servo ou sua tanato.


Regras se implantam, mas deixam janelas,
não se sobrepõem à alma do amante
que, na paixão, se alevanta gigante
para abater qualquer uma delas.


O amor não se prende à melhor das amarras,
dela se solta mui facilmente;
mostra irado suas próprias garras,
desata os nós da alma e da mente.


Destranca as travas com maestria,
pra em prosa ou verso jorrar poesia;
inda que rude, sem ritmo ou rima,
há de ser sempre uma obra prima.


O que pode, então, ao amor obstar
que se derrame em pujante cascata,
que se declame ante o sol e o luar,
ou de ser tema desta serenata?


Mede-se o verso, desmede-se o amor
razão do prazer, da dor e da flor,
advindo que é do senhor do Universo,
sem regras comanda a prosa e o reverso.
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