dema
A métrica do verso põe rédeas na mente,
trunca palavras doces e belas,
ata mordaça na alma inocente,
arvora-se em causa de muitas mazelas.
Ancila de regras que enquadram o poema
e coíbem, por vezes, o poeta nato
que, amante do belo, arrosta o dilema:
tornar-se seu servo ou sua tanato.
Regras se implantam, mas deixam janelas,
não se sobrepõem à alma do amante
que, na paixão, se alevanta gigante
para abater qualquer uma delas.
O amor não se prende à melhor das amarras,
dela se solta mui facilmente;
mostra irado suas próprias garras,
desata os nós da alma e da mente.
Destranca as travas com maestria,
pra em prosa ou verso jorrar poesia;
inda que rude, sem ritmo ou rima,
há de ser sempre uma obra prima.
O que pode, então, ao amor obstar
que se derrame em pujante cascata,
que se declame ante o sol e o luar,
ou de ser tema desta serenata?
Mede-se o verso, desmede-se o amor
razão do prazer, da dor e da flor,
advindo que é do senhor do Universo,
sem regras comanda a prosa e o reverso.
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