sábado, 3 de outubro de 2015

Compromisso


dema

Hoje, novamente sábado,
dia de fazer poesia;
mas a seca corre brava,
sem capim, sem boi de guia.
Como falar de beleza,
com a cabeça assim vazia?

Não vou tratar de maldade,
de mentira, falcatrua,
muito menos da vaidade,
seja minha, seja sua.
Melhor, talvez, o silêncio,
se a pachorra continua.

Sem estro, musa, sem verso;
sem gozo, rima ou alegria.
Não que eu pareça perverso,
mas ora ocorre diverso,
do dia bom pra poesia.
Quem sabe eu me encontre imerso
no torpor da boemia.

Fica, contudo, o desejo
ou melhor, o compromisso:
batendo em mim a saudade,
dela farei bom ensejo,
para que não reste omisso,
perante a velha amizade.
Do modo como pelejo,
tanto quanto for preciso
darei , de boa vontade,
asas pra imaginação;
vou borrifar com poesia,
amanhã ou qualquer dia,
um texto do coração.



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