sábado, 25 de janeiro de 2020

Quando o amor se vai



dema

Quando o amor se vai, a vida também parte,
sem estrela-guia, ruma ausente aonde;
torre que balança, cai, e assim esconde
o que, erguida, tinha de beleza e arte.
Tem-se o norte relegado à própria sorte
ou, então, amontoado de escombros,
onde o amor busca esconder fadada morte
e dar vida à solidão, causando assombro.
Olhos antes, como estrelas, cintilando,
são, agora, de uma opaca transparência,
denunciam que a alma está murchando
e que a mente se aproxima da demência.
Cada dia traz aceno de um adeus,
melhor fora se houvesse um gesto só,
é o sofrer fortalecendo-se em parcelas,
aos pouquinhos, apertando mais o nó.
Escraviza, faz, dos dois, pobres judeus,
com certeza hão de vir graves sequelas.
Por mais lúgubre revele-se o ocaso
bem no fundo, resta um raio de esperança
de que ainda, mesmo com um certo atraso,
novo amor asile o velho na lembrança.





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