dema
Em essência,
um contrassenso:
(Que fazer? _ Paciência!
Sinto e penso.)
Sou sólido e líquido,
matéria e espírito;
carne e osso,
canela e pescoço;
um tubo em dobras
de entrada e sobras.
Amo e odeio,
sou belo e feio;
inteiro e metade,
modéstia, vaidade;
sou espúrio e puro
no claro e no escuro.
Nasci, vou morrer,
sou efemeridade,
porém, quero viver
para a eternidade;
não sei donde vim
nem para onde vou,
mas sei que do fim
só Deus escapou.
Sou coragem e medo,
transparência, segredo,
anjo e diabo,
um bicho sem rabo;
loquaz e mudo,
todo ouvidos e surdo.
Sou frágil e forte,
com azar e sorte;
feliz e infeliz,
sou réu e juiz.
Escravo e dono,
tenho insônia e sono;
sou querer e instinto,
sou verdade, mas minto.
Sou tudo e sou pouco,
prudente e louco.
Eis que assim sendo,
não sei até quando,
chorando ou blefando,
sigo vivendo.
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