terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Banal


dema


O poema superfície
a cantar meu submundo
nunca imerge mais profundo,
é o que tanta gente disse.

A pobreza lhe é inerente,
brilha qual bijuteria,
sem glamour, sem pedraria,
mais parece um indigente.

Que de ouro, que de festa,
de paixão, de boemia;
como pode, sem poesia,
ser cantado na seresta?

Que de estrelas, que de flores,
que de luzes, de orgia,
que de dança, de folia?
Só tristeza, só temores.

Donde um poema sem graça,
versado sem maestria,
causar prazer e alegria,
vir a recital em praça?

Há poetas e artistas,
rouxinóis e trovadores;
também quem suscita horrores,
tais os bruxos alquimistas.

Quem me dera o estro farto,
ser a voz que causa encanto,
ser a lágrima do pranto
nos olhos após o parto!

Não me basta essa vontade,
trabalho com teimosia
num poema que, eu queria,
ficasse pra eternidade.

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