dema
(Aos milhares de refugiados em busca de
sobrevida no velho continente).
Dá-me tua mão
e um pedaço de chão
onde fincar o pé,
por favor,
por amor,
pela fé.
Não tenho mais pátria,
sou filho, sou mãe e sou pai
,
me encontro doente,
faminto, sedento.
Preciso comer,
dá-me de beber,
(já nem sede sinto
não sei que é querer,
só me resta o instinto).
Não falo tua língua,
vê o medo em meus olhos.,
se não nos escolhos,
vou morrer à míngua,
de terror por lá
ou nas glebas de cá.
Expurgado da terra,
atirado ao mar,
onde se morre
sabendo nadar.
Vítima do ódio,
de grupos em guerra.
Tomam as cidades,
não importa a idade,
cortam cabeças
ou pregam na cruz
(Decepa suas asas,
não os livres, Jesus!),
estupram mulheres,
traficam crianças
e roubam a esperança
em nome de um deus
que seria (outro) Alá.
De onde venho,
eu mal sei falar,
do Médio Oriente,
do Negro torrão,
de Bangladesh,
de Myanmar,
é tanta gente,
de todo rincão,
difícil contar.
Não mais penso em vida,
tão só sobrevida
nas bandas de cá.
Piedade, piedade,
Senhor Ocidente,
me deixa ficar!
me deixa ficar!
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