dema
Se meu nariz não fosse tão grosso,
maçã gorducha, meu lindo rosto,
nem mesmo assim eu seria miss,
nunca pensei ou também eu quis.
Por que nasceram encaracolados
cabelos pretos em demasia,
ah, fossem lisos com cacheados,
mas jamais negros tais os da tia.
Essas orelhas como de abano
m’enfeiando de frente ou perfil,
tento cobri-las com mechas ébano
posto que sejam como outras mil.
Minha cintura não faz cintura
e meus quadris são grandes pernis,
então me amo ou vou à loucura,
até sou comum nos vários Brasis.
Mas se me vejo do outro lado,
viro cabide de zombaria,
sou anoréxica com carunchado,
onde eu passasse quem não riria?
Inda diriam esbugalhados
os olhos verdes que azedariam
e se azuis, foram disfarçados,
pois não são próprios de u’a Maria.
Se pés de pato ou delgados dedos,
eu não teria farda pra guerra,
pior, escondem algum segredo
que só a morte na cova o enterra.
O que é feiura, o que é beleza,
inconformismo com a natureza,
apenas cisma ante o velho espelho
que o matiz róseo torna vermelho.
Ai, vida ingrata, meu Deus, a minha,
quão me maltrata hoje tão menina,
hei de amar-me qual uma rainha
pra dar amor a quem me fascina.
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