Dema
Por vezes me deparo
a admirar a beleza e a força dos contrários.
Amor e ódio caminham dorso a dorso,
por tênue lâmina separados.
E se se voltam, se engalfinham
ou se entrelaçam:
te amo e te odeio,
mas se te odeio é porque te amo.
Tal qual a luz penetrando as trevas
e as trevas abocanhando a luz.
O finito com medo do infinito
e o infinito temendo ser finito.
É a vida que se debate contra a morte;
a morte inconformada em ser vencida pela vida.
Sorte de alguém, azar de outrem.
Eis o tudo se opondo ao nada
e, quem sabe, o nada resumindo o tudo.
Todavia,...
É no embate dos contrários que o devir exsurge
e o positivo se constrói.
Amor e ódio fazem a guerra.
Da guerra nasce a paz.
No contraditório transparecem as divergências,
mas delas brota a convergência.
Na alegria se esquece da tristeza
ou dela se ri.
Na tristeza se mensura até o sorrir.
Na saúde não se pensa na doença,
e na doença aquela se valida.
Na presença não se sente a dor da ausência,
já na ausência nasce a saudade.
Na riqueza se desdenha da pobreza.
Na pobreza se descobre
quão pouco vale a riqueza.
Longe dos contrários o relativo,
que nada edifica:
certo pode ser errado,
belo e feio se confundem,
sobressai-se o subjetivo.
Bom mesmo é a luta dos contrários,
ver a débâcle deste ou daquele.
Se bem que não exista “quase vivo”
e muito menos “quase morto”
(quem “quase vivo” ainda está morto
e quem “quase morto” ainda vive),
preciso é estar vivo pra morrer
e morrer pra poder ressuscitar.
Vale!!!
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