dema
São
dezesseis e cinquenta e três.
Poseidon
sacoleja a ilha e põe a cidade ao chão.
Milhões
no entorno do epicentro.
Ecoa
pelo Caribe o haitiano grito
─
um reboar sismo ao sismo
a
romper insulares tímpanos.
“Ai
de ti, Haiti!
Porto
Príncipe, ai de ti”.
Horrível
terá sido o teu pecado!
O
desmando dos comandos?
A
miséria dos sugados?
Tendas,
edifícios, casas e casebres, tudo amontoado.
Nada
escapa, nem o Paço Maioral,
alvo
e amassado pão,
símbolo
da exploração.
Falso
sonho, é real.
A
cruz remanesce à catedral.
Coage
o sobrevivo a crer
que
o sofrimento há de ser total.
A
massa apodrece na praça,
oitenta
mil na vala de graça.
O
desespero condena ao saque.
Efeito
do baque?
Do
que no morro
restara
de pé
uma
casa verde destoa
(pede
socorro),
sabe-se
que não à toa:
esperança
e fé,
todas
ressurgirão,
inda
que ora a desolação
no
estarrecido olhar nativo persista.
Ah,
cadê o turista?
Entre
palhoças, porcos e lama,
vestida
de branco, fita no cabelo, uma dama,
a
menina-anjo ébano passeia.
Busca
o lixão, pois, sonhando, anseia,
(quem
sabe?) encontrar
a
senha de acesso aos hotéis beira-mar,
onde
ausentes lata e lixo,
quando
dia ou anoitece,
o
luxo resplandece.
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