terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Vate confuso

dema

Hermética sua poesia,
à moda da própria sorte,
cheirando ruim maresia
seu bafo de grito de morte.

Por que odiar tanto os homens,
senão execrar-se a si mesmo?
Esse ódio decerto o consome
ao varar as penumbras a esmo.

Parece enrolado na massa
de fracos, de fortes, de bestas,
rugindo enjaulado sem graça,
felino em gaiola sem fresta.

Arrota palavras de ofensa,
não raro sem sentido algum,
senso claro de obscura crença,
vomitar de quem ‘stá em jejum.

Vez a vez, salta um verso singelo,
de beleza profunda, entretanto,
perdido, enrolado em novelo
de impropérios balidos em pranto.

Quisera entender a mensagem
que o vate pretende parir,
mas em meio a tanta plumagem,
não consigo sequer inferir.

Profere  malditos verbetes,
fustigos contra a sociedade;
não limpa os pés no tapete,
merece é nossa piedade.

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