Que haverá por
detrás desse azul de céu e mar?
Diz-me coisas
o marulhar das ondas que vêm aqui bater.
Espumam,elas, a
cerveja que o germano ingere
e a braveza
dos homens-bombas que escondem suas mulheres.
O verde-orla soma-se ao céu e mar no horizonte,
concretando a
espera humana de fundir-se ao infinito.
Em socorro aos
gritos das crianças nuas, famintas,
pululando no continente
que mutila,
anjos
vigilantes transitam pelas nuvens.
Conduzem-nas
ao céu e as depositam num cantinho fofo.
Dão-lhes de
comer e as põem a dormir.
Quando em vez,
um iate de risos e mulheres despidas corta as águas,
tocando o céu sobre
as ondas, qual nave de celestiais orgias.
Hoje não há
camelô, não há boia-fria.
Algumas aves
circulam contra e a favor da brisa que dobra as palmeiras.
No meu cismar,
imagino as bilhões de mensagens ascendendo
aos satélites e descendo além-mar,
tais as que de
lá nos chegam sem cansaço algum.
Penso as incontáveis
relações que interagem os viventes,
se Deus tudo
vê.
E de lá dessa
terra, desse mar, desse céu, quem está?
Alguém nos aguarda
ou quer nos alcançar?
Para além do
sol que nos dá o colorido, quem a nos ver?
A galera uiva
e aplaude o gol que estufa as redes.
Lá fora o
flanelinha finge que vigia o carro em troca do jantar.
Os homens de
colarinho álveo tramam a falcatrua pra dobrar o povo,
defendem interesses, penduram-se
no poder.
As prostitutas
perdem a vez para as meninas de família.
De sobreviver
nem o corpo lhes é mais garantia.
O jeito é
aventurar-se aos biscates cotidianos.
Jovens-adolescentes
se abatem pelas bocas de fumo de seus donos,
enquanto os adictos fazem de seus
lares esperanças vazias.
Porquanto Netuno
se agita, Zeus dorme.
Dezenas de
ministérios consomem o tesouro abarrotado de tributos,
cujas migalhas
chovidas na periferia garantem os votos futuros.
Lá vou eu de
novo me perdendo em conjecturas,
embrenhando-me
nesse terra-mar-e-céu à caça de sentido.
Quando me dou
conta, já estou no infinito.
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