quinta-feira, 28 de março de 2019

Brilhante sonhado



dema


Já cansado, cético,
toma, cotidianamente, da gasta pena
e lavra.
Entre fôrmas de seixos brilhantes,
perde-se gênio,
vê-se medíocre.
Sonha coroar, com a gema pura,
o topo da bateia de versos,
o poema-poesia,
a obra-mestra.
Não importa o ouro,
mas o brilho do tesouro.
Quem dera viesse a musa- encanto
e, entre diversos,
apontasse o seixo sonhado,
a poesia cristalizada,
de todos, agrado.
Cai a tarde, vem a noite,
segue o açoite.
Que cruel o seu fado!


segunda-feira, 11 de março de 2019

Cosmonauta


dema


Plenamente livre,
quando só, me sinto.
O Universo à vista
me inebria: viajo.
Nem Deus, nem parte,
sou distinto.
Não minto.
Semideus me vejo:
penso, abarco o existente,
inda que nele estando,
e vou além.
Sou presente-futuro,
lembranças, amores, dissabores;
eterno num instante,
noutro, poente.
Rio das barbáries,
risco o inalcançável.
Sou quase supremo
e nada:
microcosmo a cintilar imperceptível
no emaranhado das  galáxias.
Louvo ao Criador.

http://www.demasilva.com/PINEDITOS/COSMONAUTA.html