sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Ilusões juvenis

dema


A última carta interceptada.
Não me a fez entregue o mensageiro divino,
pois que necessário se cumprisse o fado
do meu e do seu lado.

Sem adeus e porquê, me perdi.

Ela
nunca imaginara o quanto sofri.

Eu
não me soube amado outrora
nem ao menos quão doído lhe fora
ver morrer seu passarinho verde,
enquanto chorava por mim.

Menina do coração partido,
não pesado à velha senhora,
ao impor-lhe mandar-me embora,
pra fazer nosso amor proibido.

Realidade de muitos sonhos,
razão-rotina de dias enfadonhos,
imagem que os longos anos
conseguiram esmaecer.

Ora, exausto, o carteiro celeste,
cochicha-me, com voz apagada,
que a carta, um dia enviada,
perdera o endereço terrestre,
mas que se esperança eu tivesse
de inda ver a pessoa querida,
que deixasse para outra vida.

Por deveras, tamanha maldade.

Das ilusões juvenis
resta tão só a saudade.



terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Poder


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Sintonia

dema

Ouso ajustar a sintonia fina
pra buscar beleza na vida dura,
regar corpo e mente co’adrenalina,
expurgar a dor já me tão madura.

O prazer procuro nessa empreitada,
porque assim a vida só se esfacela;
paralelos, medo que descabela
e saudade bruta d’ausente amada.

Prazer excita, depois impulsiona
incansável desejo de revê-la;
o medo covarde, insensato, o doma,
causa-me, logo, temor de perdê-la.

Onde estará a razão de meus sonhos,
a justa causa da lida diária,
a dama das noites quando, tristonho,
me finjo aquecendo-a junto à fornalha?

A flor nos cabelos tocada ao vento
a escudar os cachos, se se embaralham,
angélica imagem  tecendo alento
nas horas mortas que tristeza exalam.

Faz escabelo desse ódio ferrenho
a impor o pavor no terráqueo solo,
com força o esmaga, não mede empenho,
ante sua lembrança eu me consolo.

O turbilhão morador deste peito
repentinamente não mais chacoalha,
chega a harmonia pra morar no leito
onde a sintonia jogou a toalha.

VER EM DEMASILVA

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

It's time

dema

At the end of the tunnel a little light
can be seen, our hope.
As we believe, God,
won't abandon us surely.

How good to touch base with the Lord!
I take a bow!

Inside my soul, I've been burning the midnight oil
to realize the reality around,
but now I'm getting down to business,
so I call the shot:
keep my chin up
and face the devil power
that treats us like slaves.

No cold water on this decision.
Let's win the war!

Estro em sequestro

dema


Raivosamente, fustiga-me, faz dias,
a sarna própria do fungo da poesia.
Apesar de maltratá-la a humor suicida,
inferniza-me agarrada em sobrevida.

Circundam-me mazelas apodrecidas
em tons corruptos e mortes fratricidas.
Violáceo féretro de tocaia ao estro,
pra consumi-lo com funeral-sequestro.

Na mente, habitam imagens de terror,
tendo por causa maldades nunca vistas,
corpos em vala, espetáculo de horror,
de que se ufanam covardes terroristas.

O lodo escuro a feder o podre humano,
aí mergulhado em busca do óleo negro,
talvez porque sagrado virou profano,
do poderoso quer tirar o sossego.

O engodo, a farra, a ganância de comando,
aflorados sob nosso olhar patético,
vão corroendo o meu lado mais poético,
tristeza de alma em um coração sangrando.

Fica a poesia tão só como saudade,
pois não vomito esse mal que assim me invade,
mas, lá no fundo, sobeja-me esperança:
que algum dia dele eu nem tenha lembrança.