sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Estro em sequestro

dema


Raivosamente, fustiga-me, faz dias,
a sarna própria do fungo da poesia.
Apesar de maltratá-la a humor suicida,
inferniza-me agarrada em sobrevida.

Circundam-me mazelas apodrecidas
em tons corruptos e mortes fratricidas.
Violáceo féretro de tocaia ao estro,
pra consumi-lo com funeral-sequestro.

Na mente, habitam imagens de terror,
tendo por causa maldades nunca vistas,
corpos em vala, espetáculo de horror,
de que se ufanam covardes terroristas.

O lodo escuro a feder o podre humano,
aí mergulhado em busca do óleo negro,
talvez porque sagrado virou profano,
do poderoso quer tirar o sossego.

O engodo, a farra, a ganância de comando,
aflorados sob nosso olhar patético,
vão corroendo o meu lado mais poético,
tristeza de alma em um coração sangrando.

Fica a poesia tão só como saudade,
pois não vomito esse mal que assim me invade,
mas, lá no fundo, sobeja-me esperança:
que algum dia dele eu nem tenha lembrança.


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