dema
Loucura brota da lucidez,
já desamor vem d’ânsia de amar;
orgulho exsurge da pequenez,
saber me chega do soletrar;
é a liberdade meu cativeiro:
o oposto em mim faz-me verdadeiro.
Broto do extremo e me queimo ao meio,
sou parte verme, parte supremo,
azul por fora, dentro vermelho,
meu maior medo é porque não temo;
santo de manhã, demônio à noite,
meu patrimônio, prazer e açoite,
Nasce a esperança no desespero
e só há morte depois da vida;
pra que haja ódio, há o amor primeiro,
após a chegada, a despedida.
Se de finitos é o infinito,
meu silencio eterno, eterno grito.
Em teus tristes olhos, ri alegria,
no amargo beijo, tão só doçura,
no cerne d’alma entrevi folia,
nos gestos meigos, muita amargura.
Fonte és de inverso ao meu universo,
sabor acre-doce nos meus lábios;
és o paradoxo dos meus versos
que, sempre, ao contrário, os li mui
sábios.
Vi a timidez virar aventura,
vir, do teu silencio, um carnaval;
de tua presença fiz mi’a procura,
pois tua ausência traz-me tanto mal.
Loucura brota da lucidez,
já desamor vem d’ ânsia de amar;
orgulho exsurge da pequenez,
saber me chega do soletrar;
é a liberdade meu cativeiro:
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