BADALAM SINOS
Por que badalam os sinos,
se festivos não badalam?
Por quem badalam os sinos
se tão fúnebres se embalam?
Não é a hora do Ângelus
nem da missa das crianças,
não os tocam os arcanjos
nem são toques de
esperança.
Nenhum féretro anunciam,
não há guerra se acabando.
Porque o Papa renuncia
nenhum sino sai tocando.
Badalam em meus ouvidos
ritmados, soberanos;
de tão fortes, vêm zunidos
timpanite provocando.
Ah, histórias fabulosas,
das antigas catedrais
ou memórias nebulosas
de tempos medievais.
De colheitas com
abundância,
de coroações reais;
de lembranças da infância,
dos castelos irreais.
Mas impera uma tristeza,
e jamais se viu igual;
há um convite do sepulcro,
sem nada de virtual.
Sons que eriçam-me os
cabelos,
com insistente redundância;
chego até fazer apelos
à “machine” em ressonância.
Será prévia da partida,
pra depois um déjà vu;
será eco de uma vida
que não sei se bem vivi?
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