dema
Outubro
prometeu chuvas,
mas
novembro foi seco,
natal
sem chuvisco.
Muito
se fala em risco
de
apagão, não de corisco.
Ah,
mas a encosta clamou por descambar
e
a água abundante janeirou morro abaixo
e
terra e muro e casa e gente,
como
todo ano, toda enchente.
Houve
troca de inquilinos na Prefeitura,
levaram
o cofre.
Ruas,
buraco e mato (graças que o carnaval já vem).
Funcionário
sem abono de natal
(sempre
os patos pagam o pato).
Mato
de chuva não dá carrapato,
o
da seca morreu chamuscado.
E
a pátria amada, coitada,
que
descalabro!
O
deputado cassado viu-se empossado.
Quem
renunciou pra não ser cassado
foi
reeleito e aclamado presidente do Senado.
Ali
Babá nem soube que seus quarenta
foram
condenados (nenhum engaiolado).
Às
vezes me acanho
de
viver neste reino estranho,
que
empresta Real pro FMI,
faz
Copa, faz Copa,
faz
fila no hospital do SUS,
congestionamento
de macas nos corredores;
faz
bolsa, faz bolsa, faz bolsa,
faz
massa (não de obra, de manobra),
bolsão
de votos,
faz
bolso grande em cueca,
faz
olimpíada,
faz
piada, não, é uma piada;
com
tráfego intenso e
hiper
intenso tráfico.
Sinto-me
quase seguro
preso
em casa.
A
justiça tarda, mas não falha,
sempre
tarda.
Inda
bem que o voto é obrigatório,
por
que se não fosse, quem escolheria os quarenta?
Brasileiro
tão bonzinho! Aguenta!!!
Outras
vezes, de novo me acanho,
falta-me
o ar neste reino estranho,
onde
pra se viver bem,
há
de se fingir enganado,
ver
a novela das oito
que
começa às nove.
Ô,
que bom que agora chove.
Sonhar
é preciso:
que
a chuva canta ,
que
a água, se não rola, derrama.
Se
derrama, corre e, cantarolando,
cai
no bueiro,
marulha
sem mar, como a pomba arrulha,
e
me dá sono.
A
ele me abandono,
Sou
é mineiro, uai.
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