sábado, 26 de novembro de 2016

Quem sou


dema


Gosto de rolar pelas ladeiras,
saltitar as quedas das cascatas
e, tomando impulso em  corredeiras,
mergulhar taimbés de cataratas.

Sou o orvalho frio da manhã,
gota cristalina numa flor
plena de beleza, e talismã,
destinada ao teu sonhado amor.

Névoa a embaçar tua janela,
arco-íris para o colibri,
se desponta o sol em aquarela,
desperto a ternura que há em ti.

Sou começo, sou meio, porvir,
sou lago, sou  rio, sou  mar,
sou espelho dado a refletir
todo encanto da luz do luar.

Sou vapor da nuvem e sou neve,
descente avalanche da montanha,
até gelo em suco que tu bebes,
como no uísque que te assanha.

Teu lazer e teu entristecer,
sou lágrima que molha teu rosto,
se perdes o amor que julgas ter,
pranto intenso sou em teu desgosto.

Força que balança a caravela,
luz a dispensar maço de vela;
sou chuvisco, também tempestade,
se tsunami, ­ _ adeus, linda cidade!

Pérola escondida nos planetas,
procuram, os sábios, me encontrar,
mas, pareço certas borboletas
que não voam em qualquer lugar.

Sou parte de ti, sou tua vida,
sem mim, hás de morrer em seguida;
limpo-te por fora e por dentro,
lavo e carrego teu excremento.

Cruel te fazes com teu desleixo,
tiras o manto que me acoberta;
terás só deserto se te deixo,
é o que parece coisa mais certa.

Sem teus cuidados eu fugirei,
secretamente irei me safar.
Pra onde?­ _ Perguntas. Nem eu sei.
Talvez me transforme noutro mar.

em demasilva

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