dema
Vida nada moleza,
porém,
infância rica na pobreza.
Ria, ria, como ria,
ria por rotina
em vendo os dedos se mexerem
por fora da botina.
Tropeçava, caía,
a unha ia;
em seguida outra vinha,
pequerrucha, bonitinha.
Conservo, de criança, o medo
(de coragem, o arremedo);
insegurança e desejos mil
são me lembranças,
assim do egoísmo puro
ante o longínquo futuro.
Também, com saudade, me dou conta
dos poucos brinquedos,
da folia,
dos folguedos,
das fartas estripulias.
Guardei a chaves a verdade,
o ódio da mentira, da vaidade,
a timidez natural e a vergonha
que me chegaram pelo bico da cegonha.
Não sei, hoje, se sou velho,
muito menos se menino,
certo é que já não tenho
curiosidade tanta
pra tudo querer saber.
A mim basta o estar vivo
e nem tão breve morrer.
Que o resto não me apoquente.
Criança inda o é minh’alma
postada à etapa seguinte:
talvez eu morra com a morte,
fugindo a qualquer requinte,
ou nasça pra eternidade
e cultive a sobriedade.
Melhor mesmo é ser menino,
agonia, só mais tarde.
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