quinta-feira, 3 de abril de 2014

Coisas do amor

dema

Quando eu ainda menina-
moça mal desabrochada,
vislumbrei na minha sina
uma vida aprisionada.
Qual filhote de andorinha,
quis bater asas, voar;
sem recado pra mãezinha,
parti para namorar.

Tu chegaste de repente
movido ao brado silente
que, de há muito, inaudito,
se espalhava no infinito.
Tua alma cristalina,
conquistou-me por inteira,
mas vi que era tua mina
outra gata borralheira.

Me acolheste mesmo assim,
pérola bem escondida.
Me amarias? Talvez sim,
me juraste tua vida.
Te amaria? Inda não sei,
se porquanto eu vivera,
tão perdida me sentira,
logo, sem saber se amei.

Teu jeito de amar me alucina.
Inteiro, te entregas jamais;
senhora, te beijo, menina,
mal ouves meus lascivos ais.

Eis que sonho voando livre.
Liberdade, quanta me dás!
Te confesso, nunca a tive,
cativa mais ela me faz.
Oxalá o amor verdadeiro
algum dia eu possa encontrar.
Não importa em qual cativeiro,
sou ave da tarde a planar.

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