sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Sombras noturnas


Por: IEDA ALKIMIM




Reabsorvo cada instante de meu ser disperso, nas origens de sentimentos vastos, na descoberta dos sentidos das palavras. A intimidade da alma recompõe e dilacera-me, por viver em constante resignação de mim mesma. E o amor não emerge. Subtrai-se a cada dia. Torna-se apenas ideia do meu coração abstrato, esse reduto abismático,  de ausência em sua plenitude. Sombras noturnas povoam meus dias, abstração de um carinho único, raiz da convivência íntima de mim, dessa consciência efêmera.  Adentro as antípodas de meu universo, e de lá, arranco um olhar calmo, passivo, e, escondo entre minhas mãos cansadas, todo pavor que dilacera a alma pelos traumas e neuroses do passado. Estou sóbria, e minha boca abre uma fissura, para o apelo, o grito silencioso. os lábios finos traduzem o infinito, e minha língua expressa a dialética das contradições: o tempo perdido, a vida esquecida, elo tênue com a morte que espreita na porta do meu quarto entreaberto. Toda emoção está esvaecida pela fina linha do tempo. Minha garganta é um mundo reaberto, abismo das ilusões, irreais/imaginação/espera do amor a ser alcançado... No silêncio, a consciência torna-se quase afeição, perfeição das descobertas esquecidas em algum sítio de meus acontecimentos. Apresso meus passos para a busca pelo amor pleno, e a chance de uma felicidade qualquer. Vejo o mundo, visceral, corrompido e o amor quase que inexiste nele. Choro pelo mundo  e por todos que massacram o amor. Deixo-me enlevar... deixar que qualquer gnosia me ampare,  mesmo que as frivolidades me causem náuseas. Busco no eu lírico,  o vislumbramento do amanhã, as respostas fundadas em meu coração, para as perguntas reflexivas do dia a dia a fim de alimentar a minha alma. Penetro o espelho da minha consciência... Esse é o rosto que vejo: inacabado. Essa é a vida que levo: indelével entre o real e abstrato. Procuro no tempo algo palpável, que acalente esse espírito inquieto e encontro a expressão do desejo de ser feliz. Busco cada instante perdido entre intenções e ações quotidianas, e deparo com o amor que ainda é mistério. Sou sensível e me amo: resumo o amor em mim; Sou racional e penso: resumo a razão em mim. A autenticidade das sombras noturnas é o caminho, portas de múltiplas dimensões do mundo esquizofrênico e mudo, é dor, é o remorso em cada esquina. Partirei em busca de respostas que acalme meu coração inquieto. A estrada é longa e estreita para mim.  

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