segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Quebra



dema

Como sói doer um coração magoado
de quem, de repente, sente-se traído.
Vê-se ora a vagar, então, desnorteado,
implorando, à vida, um novo sentido.

Onde o desarranjo em tanta harmonia,
qual serpente fora que se intrometera
pra plantar o joio, criando agonia,
em alma bondosa que jamais sofrera?

Esta, que não teve ainda a desventura
de provar o amargo de um desamor,
põe-se, abruptamente, à busca de aventura,
como se já morto fosse o velho amor.

É possível que encontre um ardor de palha,
enquanto a ilusão se agarrar ao mistério
e, ao ser revelado, se envolva em mortalha,
por desconformar-se a sentimento sério.

Não cabe retorno pro amor antigo,
tão consolidado, decorridos anos,
que, uma vez quebrado, implicará castigo
a quem o quebrou e sofreu desenganos.

O lado perverso, muito mais que trágico,
é que apenas um causara esse mal,
a solidão, porém, por efeito mágico,
restará pra ambos em dose letal.




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