CAVALCANTI, Afonso de Sousa, Professor de Filosofia, Sociologia E Política Educacional Brasileira da FAFIMAN. E-mail: afonsoc3@hotmail.com
Os preceitos morais ou éticos são imperativos que levam os sujeitos ao dever ser. A norma de conduta vem de um valor e este valor está, para alguns, condicionado ao conhecimento da norma ética de forma a priori e, para outros, o conhecimento está na ordem empírica.
Afirmam os defensores da norma ética absolutista e apriorista que o homem “é dotado de certa bússola natural que o predispõe ao discernimento do que é certo e errado em termos éticos” (NALINI, 1999, p. 37). Dentro do homem está a possibilidade ao bem e ao mal, à verdade e à falsidade. A própria condição moral, intrínseca à natureza do homem, possibilita que ele, através de sua sensibilidade e entendimento, arranque a resposta certa e decida pelo que é melhor. O homem possui em si mesmo uma consciência estimativa do sentido do valor das coisas. É pela estimativa, pela escolha do valor que agimos. Ao agir com base no valor escolhido, sentimos que nossa ação foi moral. Ao agirmos contrários ao valor eleito, percebemos que nossa ação foi imoral. A ação parece justa ou injusta, se está ou não fundamentada no critério de estimação, na conscientização que o sujeito possui. O escritor Ernesto Hemingway “conceituou moral como aquilo que nos faz sentir-nos bem depois e imoral aquilo que nos faz sentir-nos mal depois”(NALINI, 1999, p. 38).
Para os empiristas ou relativistas não existem valores intrínsecos à subjetividade humana. O sentido do bom e do mal, do falso e do verdadeiro, do justo e injusto, está condicionado ao tempo e ao espaço, às experiências vividas pelo sujeito. As ações boas, verdadeiras e justas dependem da criatividade. Na medida da criatividade humana, os homens criam as normas morais como mero convencionalismo. Os valores dependem da vontade dos homens. Os sujeitos elaboram os valores conforme o momento histórico e de acordo com a sociedade.
Confrontando as defesas das normas absolutistas com as relativistas, verifica-se que os absolutistas tornam-se dogmáticos e fundamentalistas quando defendem que os valores não são criados e nem transformados pelo homem. Ao mesmo tempo, os relativistas ou empiristas podem também cair no erro ao afirmar que o procedimento humano está subordinado às decisões das ciências. Cabe à ética como parte refinada da moral, afinar o pensamento humano para tecer uma crítica ponderada entre as decisões de ordem científicas e metafísicas.
Já que um de nossos objetivos é apontar as várias éticas e discutir sobre seus objetos, em primeiro lugar cabe uma conceituação apurada do que é ética e qual é seu objeto.
A Ética é uma ciência - parte refinada da moral - que tem por objetivo estudar o comportamento do indivíduo no convívio social. Não se pode descartar o comportamento ético individual sem que este esteja para o convívio social. A ética é de fato uma ciência e seu objeto é o comportamento moral. A moral expressa os costumes. No convívio social, é importantíssimo que se esclareça que o objeto da ética atinge a moralidade positiva. A moralidade positiva representa o conjunto de normas que regula a vida dos homens no convívio social, em busca do bem, da verdade, da legitimidade, da igualdade e da justiça Melhor esclarecendo: ética vem de ethos (costume em grego), ao passo que moral vem de mos, moris (costume em latim). O ato é moral somente depois que foi apresentado, discutido e aprovado pelos que participam do grupo social. O ato é ético a partir do momento em que o sujeito compreende o significado de sua ação e age de livre e espontânea vontade, a partir das decisões morais do grupo em que ele está inserido.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando Introdução à Filosofia. 2 e. São Paulo: Moderna, 1995.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 9 e. São Paulo: Ática, 1997. 440 p.
NALINI, José Renato. Ética Geral e profissional. 2 ed. São Paulo: Editora Revista dos tribunais, 1999.
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