dema
No
palco da vida inda sou protagonista. Percebo, de repente, que meu linguajar
vai, aos poucos, tipificando-se. Por mais me esforce a empregar os verbos no
presente e no futuro, deparo-me com a predominância do passado. Vejo aí sinonímia
com senectude. Posto isso não me deprima, me entristece. Toca-me o vislumbre do
‘termo ad quem’ de minha efemeridade.
Sinto
dourar-me a luz do sol da tarde.
Enquanto
se dão as rotações nas translações, vou angariando amigas vitalícias, para, juntos,
eu, artrose, hipertensão, trombofilia e surdez, darmos boas-vindas à aurora de
cada manhã restante. Indubitavelmente outras virão se unir ao grupo, com o
intuito de participarem do ápice dessa tragicomédia vital, a preceder o
fechamento das cortinas com choro e plausos.
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