dema
A
mim parece que nasci após a vida.
Não
sei por quê diviso-a sempre pelo avesso,
seja,
partindo-se do fim para o começo,
tal
qual ter, antes de chegar, a despedida.
Sem
ilusão, motivo de lançar-se à sorte,
ganhar
coragem pra jamais temer na vida,
primar-se
fundo por cautela e galhardia,
ao
confrontar, sem desespero, a própria morte.
Nego
juízo a esse prisma extravagante.
Vejo-me
apenas como um dado do universo.
Lá
bem no fundo, sou só um poeta errante
a
rir da vida pelo instrumento do verso.
Mas
d’outro lado, bem sei, ela se apresenta
como
a princesa do maior sorriso aberto,
sereia
incauta, galhofando da tormenta,
ao
mar se lança como um escravo neoliberto.
A
pose insigne de moçoila oriental,
em
vestes soltas festejadas pelo vento,
na
liberdade, eis o mais nobre sentimento,
evoca
a foto, para fim parietal.
Com
alma plena de tanta felicidade,
esbanja
paz, muita energia e juventude;
corpo
dourado pelo sol sem castidade
orna
a paisagem em latitude e longitude.
De
um lado, o fim, que mal enxerga seu começo;
de
outro, o início, em saudação ao dom da vida;
figura estranho que um ao outro tenha apreço,
é
que os contrários se atraem em desmedida.
em demasilva
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