quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Brincando de “dum-dum”


dema
(Às crianças-estilhaços que se tornaram anjos na terra de leite e mel.)

Brincando de “dum-dum” eu morri,
não atirei em ninguém,
outros morreram também.
Ah, sim, eu era palestino,
como tantos outros meninos
que partiram como parti.

Abdallāh, Abdallāh!
Onde Meca estará?
Encostado a nós,
nascera o filho de Jeová.
Cadê a justiça de Amós?
( _ Olha por nós!)

Só areia sangrenta,
nada de montanhas azuis,
nossas casas ruídas, Jesus,
morte sem graça, nojenta,
tal como a  sua na cruz.
Por que, por que, por quê?
Que fizemos para a merecer?
Tu te foste pendurado,
nós outros, soterrados.

Da terra de leite e mel,
por certo, nosso maná
foram as bombas de Israel.
Hamas, Hamas, Hamas,
por que ódio tão cruel?
Assim, a quem salvarás?

Eli, Eli, Eli,
Lamá Sabactâni!

Sou anjo nascido de chacina,
estilhaço de bombas assassinas,
que se achando distante da Kaaba,
ora espia essas almas diabas
expulsando mais almas meninas.



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