dema
Sou
a madrugada fria que acolhe tua insônia,
quem
escuta as angústias que em lágrimas relatas
e
dilui, dopando a noite, o forte cheiro de colônia
ou
do drink excessivo que de ti te arrebata.
Sou
a sombra nos teus sonhos de amor e de orgias,
quem
suporta as serestas que frequentas embalado
pelas
luzes e perfume das mulheres de ousadia,
incutindo-te
o sentir de que estás apaixonado.
Sou
a noite mergulhando em busca de novo dia,
amainando
tuas mágoas, tua dor, tua agonia;
sou
aquela a conduzir-te ao retorno pra razão,
qual
sensata conselheira à voz do teu coração.
Também
sou a esperança de que ainda encontrarás
a
metade que te falta a complemento do que estás;
será
ela a alma gêmea a trazer-te o infinito
pra
alegria do poeta no seu verso mais bonito.
Sou
serena, sou friagem, sou silêncio, sou aragem
sou
a noite já cansada procurando estalagem;
despedindo-se
da lua, vendo o sol de “oi!” e “adeus!”,
pra
depois de um sono curto voltar aos deveres seus.
Se
por vezes me pergunto “meu Deus, que destino esse,
ser
das damas, do insone, ser do ébrio, do bandido? “
Logo,
logo, me arrependo, pois talvez eu não devesse,
se
ser hora da poesia já me faz todo o sentido.
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