quarta-feira, 24 de julho de 2013

Madrugada


dema

Sou a madrugada fria que acolhe tua insônia,
quem escuta as angústias que em lágrimas relatas
e dilui, dopando a noite, o forte cheiro de colônia
ou do drink excessivo que de ti te arrebata.

Sou a sombra nos teus sonhos de amor e de orgias,
quem suporta as serestas que frequentas embalado
pelas luzes e perfume das mulheres de ousadia,
incutindo-te o sentir de que estás apaixonado.

Sou a noite mergulhando em busca de novo dia,
amainando tuas mágoas, tua dor, tua agonia;
sou aquela a conduzir-te ao retorno pra razão,
qual sensata conselheira à voz do teu coração.

Também sou a esperança de que ainda encontrarás
a metade que te falta a complemento do que estás;
será ela a alma gêmea a trazer-te o infinito
pra alegria do poeta no seu verso mais bonito.

Sou serena, sou friagem, sou silêncio, sou aragem
sou a noite já cansada procurando estalagem;
despedindo-se da lua, vendo o sol de “oi!” e “adeus!”,
pra depois de um sono curto voltar aos deveres seus.

Se por vezes me pergunto “meu Deus, que destino esse,
ser das damas, do insone, ser do ébrio, do bandido? “
Logo, logo, me arrependo, pois talvez eu não devesse,
se ser hora da poesia já me faz todo o sentido.

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