sexta-feira, 18 de setembro de 2009

TEMPO (Em prosa)

DEMA

Tempo é ficção,
medidor do devenir.
Notifica mudança,
causa admiração ou desespero.

A bem ver, há o existir,
quer da matéria, quer do espírito.
Pior, tempo é fundamental para a criatura,
mormente para o vivente,
encarcerado entre o nascer e o morrer.
Gera questões "de onde vim?",
"para onde vou?", "que vou legar?"
Incita o espírito a marcar presença.
Misteriza o criador não criado
- o ser para sempre -
que nunca foi e nem será,
que tudo vê e faz num ato único.
Cria o universo, impulsiona a mudança
e, no humano, incute a necessidade de medir o existir.
O senhor do tempo, nele, não se insere.
Vê do alto e por debaixo a razão do dia e da noite,
do ontem e do amanhã.
Que poder ingente a nos fazer dementes,
crentes, jamais intérpretes.
Embora para nós, o tempo não nos pertence.
Contam-se dias, horas, minutos, segundos e seus milésimos.
Somam-se semanas, meses, anos, séculos e milênios
que nenhuma relação guardam com a eternidade.
Lembram-se fatos, pessoas, emoções,
encaixadas que se acham no curso da existência,
minha, sua, nossa, dos grupos sociais.
Humanos letrados fazem história,
a matéria dinâmica, eras.
Eis que o ser criado, nisto, destoa do divino.
Quem nunca foi e nem será não tem história própria.
Quiçá por isso "cria" e, criando, determina ao humano
que lhe faça história: patética, poética, enfadonha, divertida, perversa;
com amor, ódio, crimes e guerras; dominantes, dominados, revoltas e paz.
Com o tempo e no tempo o existir perdura e se modifica,
sabe-se lá por quanto tempo...

...

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