dema
Teria sido a seca no Norte
que matou a minha inspiração
ou as águas sobejas no Sul
que afogaram o meu coração?
Onde está o silêncio da noite,
onde os segredos da madrugada,
o gorjeio festivo das aves
que enchia de encanto a alvorada?
Não vejo, há muito, a lua no céu
nem luzir de estrelas no sem-fim;
o sol, sempre escondido nas nuvens,
como se, na mata, um curumim.
Não se sente o perfume das rosas
ou o cheiro doce do jasmim;
nem se vê o beija-flor adejante
que trazia esperanças a mim.
Não mais me chegam ternas lembranças
dos amores que tive na vida;
tenho minh’alma empalidecida
por tanto sofrer desesperança.
Eis porque, ao nascer qualquer verso,
vem com insipidez, sem beleza.
Por Deus, quem dera fosse o reverso
para aniquilar essa tristeza!
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