dema
Por que ocupar o tempo, se não quero que passe,
e o medo de perde-lo, sendo meu sustento,
ente bizarro que agarro, oh que contratempo(!),
mas no seu transcurso tira-me o disfarce.
Luz que brota do sol não mais lhe retorna,
tal o pingo da chuva caído no chão,
uva esmagada, vinho que me conforma,
se a tristeza bate no meu coração.
Desprendida do galho repentinamente,
voa, a folha, ao vento sem dizer adeus;
néscio, vai-se, o rato, à boca da serpente,
que a coruja mata pra nutrir os seus.
Logo se desfaz a nuvem passageira,
amor adolescente de gosto hormonal,
erro inocente, aurora assaz ligeira
mudança permanente, tem-se o natural.
Tempo é pois segundo, é minuto, é hora,
é hoje, amanhã, por decerto outrora;
tempo é o que tenho, já não tanto assim,
quanto mais o gasto, mais eu gasto a mim.
Perde-se um amor, ganha-se ilusão,
com ela a esperança de nova paixão;
perde-se o presente, ganha-se o passado,
com ele a saudade a viver lado a lado.
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