dema
E me ponho a matutar: foi
deus que criou o homem ou foi o homem que criou deus?
Quem é pai de quem?
Nos anais da História, deuses, filhos de deuses,
semideuses, anjos e demônios povoam a mente humana, fértil e crédula. Talvez isso
seja fruto da sensação de dependência, de insegurança quanto ao próprio destino,
da presença do mistério da existência num universo em transformação perene, de
encontrar-se - ser astuto - inserido num universo inteligente. Têm o mesmo DNA.
Não que a matéria pense, posto que em potência a contenha (- inteligência - ou
se auto organiza de maneira engenhosa ou alguém com genialidade o faz) ou a
reproduza em seu transformar-se. “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo
se transforma.” (Lavoisier)
O homem e o universo, por si sós, não se explicam. Quem
sabe um ser poderoso, metafísico, seja a razão de tudo.
Melhor projetá-lo, sábio, quiçá eterno, para justificar o
misterioso existir, ser causa da realidade que afronta o ser humano e do
destino que a este se reserva.
O medo, a insegurança e a incerteza induzem à projeção
das divindades. E são tantas, como tantos os credos.
E ainda que se imagine a divindade um ser perfeito,
eterno, racionalmente não se encaixa no intelecto humano a admissão do
existente não nascido. Perfeição e eternidade são dimensões, na praxe, imensuráveis
ao intelecto humano, afeto ao temporal. Há que tornar-se objeto de fé, até
porque crer é mais cômodo do que duvidar, é mais palatável do que sentir-se ao
léu quanto ao presente e ao futuro.
E o questionamento inicial permanece: foi deus que criou o homem ou foi o homem
que criou deus? Quem é pai de quem?
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