dema
De repente, como se chegando em
disparada,
aportei neste mundo vindo do nada.
Cheguei sozinho, nas mãos o voucher
do retorno ao vazio de ser, ainda que
eu sendo,
ou quiçá apenas u’a memória de ter
sido
em parte porção de matéria não abstrata.
Melhor me fosse a certeza do não
amanhã
e não me obrigaria pensar-me
um pensamento envolto de não ser.
O ceticismo de um perdurar volátil
confunde minha inteligência e
atormenta minh’alma.
O que seja minh’alma, juro que não
sei.
Pior que a completa finitude
há de ser o eterno vagar pelo universo
como solitária onda etérea do existir.
Menos que nada é, por certo,
ser bolha, traço ou estilhaço
de existir deserto,
circundado só de espaço.
Não me apraz contar as eras,
festejar trocar os anos,
bebericar reminiscências
ou sonhar projetos.
Grafado meu voucher com letras
indeléveis,
‘stou uma onda de ser en passant pela existência,
quem sabe finita,
quem sabe semifinita...
in demasilva
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