dema
Longe de mim a pretensão de eternidade
(mesmo porque, se nascido, não a teria),
externo, contudo, meu desejo-prioridade,
que a vida dure quanto a luz da estrela guia,
viajante do universo em direção ao infinito,
cuja orla aconchega areia branca sem detrito,
imaginário fim de ilimitado território,
não importa o itinerário, retilíneo ou aleatório,
pois acalma quem mordisca e belisca com arrelia,
o intenso desespero de viver por mais um dia.
Assombra-me o desdém com que muitos tratam a vida,
tal se folhas farfalhando quando sopra o forte vento,
néscios de seu valor, sorvem-na como bebida
e, em seguida, quebram a taça, em razão do desalento.
Pudesse, eu, domar o “cronos”, por certo o destruiria,
impedindo que a mudança nos fizesse envelhecer,
nesse ponto invejo a Deus
na sua soberania,
sem começo, meio e fim, jamais há de fenecer.
Nem pensar que eu tema a morte, sei que dela não se
evade,
mas o gosto pela vida faz com que me acovarde,
inda assim me considero, com a sorte, assinalado,
trago as marcas do amor num coração tatuado.
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