dema
Trinar
de pardais em pura alegria
(não lhes veda o voo essa água-névoa,
descendo
fresca, porém, não tão fria),
chuva
mansa nina velhas lembranças,
doces,
amargas e pequenas mágoas;
mal
ergue pálpebra, o cão indolente,
se
zune a mosca assim intermitente.
Após
certo tempo, a sorrir desato
o
cenário posto a meu desacato.
A
lerdice induz-me a deitar na cama,
contudo,
resisto, em minh’alma, há trama.
O
espírito d’ora, em tom natalino,
ampara
a imagem de Jesus-menino;
na
noite breve, sob luz de lustres,
ou
de velas curtas, em casa pobre,
injeta
n’almas sentimento nobre,
a fazer
de humanos anjos ilustres.
Mas,
dentro de mim, um ódio cruel
cospe
navalhas em duras batalhas
aos
males de agora, em terra e no céu:
contra
indiferença, incansáveis justas,
em
regra, travadas às próprias custas,
contra
inveja sacana, árdua peleja,
contra raça humana, pois, autofágica,
o meu
todo é a arma que relampeja,
se
bem já vislumbre derrota trágica.
Célere,
cobre-me a fina garoa,
desfaz-se
o cismar (ocorrido à toa?),
se
em vez de adulto, me sentir criança,
imploro
consolo, além da esperança.
http://www.demasilva.com.br/PINEDITOS/CENARIO_POSTO.html
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