sexta-feira, 17 de abril de 2015

Sob a égide das estrelas

dema

Despojado da lua e das estrelas,
vê-se breu sem charme algum, o céu;
depressivo refúgio aos já partido,
desencanto dos poetas, se não lúgubres,
vácuo do espírito, escape pro infinito.

Estelar me ponho em hora vespertina,
dos astros já saudoso, se desperta a manhã.
Narciso, arvora-se, o sol, em majestade
e humilha celestiais com luz cegante.

Porquanto grata, ansiosa, a vida expecta
chegar a noite para, então, fazer poesia,
brindar de cálices, presente rubra rosa,
no hall do quarto ao beijo longo dos amantes;
adentro à alcova, pelo vidro da janela,
glamour do ensejo sob o brilho das estrelas.

Elas, na certa, muitas vezes sentirão
saudade intensa deste trovador mirim.
Quem há de enaltecer beleza tanta
ou o esplendor cravado a brilho em véu noturno,
corrente êxtase das almas mui sensíveis?

Senso de perda, fere-me, o ser efêmero,
pseudo dano, se não dono das estrelas,
insatisfeito, só tenho usufruto a termo,
mera legítima que inere à criatura.

Quisera, vero, pois de mim se condoessem,
da tumba inóspita pudesse, eu, contemplá-las
e, de bom grado, a clarear, se dispusessem,
o ermo escuro desta solidão eterna.



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