dema
Estou
a viver refém em Macondo,
vilarejo
real, um tanto quanto hediondo,
não
o imaginário de Gabriel Garcia;
nada
bueno cedo nem à tarde Buendia.
Talvez
me falte, de um destes, coragem
pra
enfrentar a sacanagem
dos
que arrotam, aqui, democracia
e, ab ovo, se arvoram,
em
“pai dos pobres, mãe do povo”.
Panda
sonolento invejando mamãe Úrsula,
guardiã
incorruptível do oco São José,
inverso
dos que travam e arrombam,
nesta
terra, as portas do palácio
e, em
vez de Arcádio, me veem palhaço.
Meu
Deus, o que (não) fiz pra merecer?
Eis chegado o tempo das batalhas
da guerra sem limites dos canalhas.
Cobras reunidas numa grande paranoia,
sem temor, sem cuidados, sem pudor,
pra escrever um bel cardápio de tramoias
contra quem os ameaça no poder
ou ali os impede de chegar.
Mentiras e bravatas, horrorosas negociatas,
grana santa, não tão santa, grana tanta,
que a campanha não é barata.
Há fogo amigo, como há fogo inimigo,
tudo, porém, em favor do próprio umbigo.
Quem hão de pôr na cruz, ver expostos ao ridículo,
se uns e outros são do povo benfeitores,
amigos coirmãos dos eleitores?
“─ Construiremos pontes, vales, rios, montes
e os mais belos horizontes;
traremos mais estrelas para o céu;
tereis botina, pão francês e um bom chapéu.
Podem dar-nos seu aval, que somos de confiança,
depositem sempre em nós sua esperança:
os sem teto, os sem terra, sem saúde, sem trabalho,
sem salário, segurança, educação .... “
(e o caralho.)
No comando, com certeza, o trabalho será sério;
Far-nos-ão, seguramente, uma surpresa,
na “Papuda” haverá mais de um Ministério.
─ Mãe de Deus e nossa,
manda-nos chuva longa e grossa,
quatro anos, onze meses e três dias,
um a mais do que aquela de Garcia,
pra lavar a roupa suja que há nesta rouparia.
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