sábado, 20 de abril de 2013

LACUNA



dema

Faz muito tempo os pensares retenho
Como se a tinta estivesse apagada
Ou as imagens fugido no empenho
De reduzir meus escritos ao nada.

Mas que falta faz descrever as verdades,
Pintar coloridas ideias que vêm
Ou, sendo oportuno, tratar das vaidades;
Se a alguns isso agrada, outros nem as veem.

O espaço de tempo que resta em lacuna
No traçado plano da continuidade
Detém os pesares que não quero unam
Os versos de pranto e da felicidade.

Às mágoas recentes ele se destine
Pra não formatarem maldito meu estro,
Borrando o poema e a alguém desatine
Com o gosto amargo do verso indigesto.

Que fique a tristeza jogada ao olvido
E assim não sombreie a mente legente;
Que a sinta o poeta se achando falido,
Porém não será tido por displicente.

Hão de retornar mil outras imagens,
Desejadas damas de futuros versos
Para se tornarem dignas personagens
A livrar o vate do caos em que imerso.

Dê-se, pois, tempo ao tempo a contento,
Não conhece a poesia o destempo.


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