sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A arte me fascina

dema

Não me importaria viver vida chata
se eu fizesse arte quando ao escrever;
na certa, jamais ela seria ingrata
ao vibrar d’alma de quem a fosse ler.

O que vive só já tem sua companhia,
com quem interage em languidez noturna.
Juntos, longe o sono, produzem poesia,
vez a solidão ser nada taciturna.

Criam seus castelos de tempos passados,
habitados por sonhos, por fantasia,
com fossas profundas por todos os lados
de dormentes águas e olor maresia.

Relatam amores, paixões, despedidas
ou tertúlias, saraus, jantares e festas;
cochicham tramoias, traições fratricidas
durante cochilo nas horas de sesta.

Cometem pecados ao som de serestas
cantadas à mente tão só virtuais;
depois o confiteor ao deus que lhes resta
mais a penitência pelos capitais.

Remetem-se pra Marte, Saturno e Júpiter,
em outras galáxias longínquas se internam.
Nas naves fantasmas, com Deus ou com Lúcifer,
vagam pelo universo ou nelas se hibernam.

Nem mesmo se lembram da vida em rotina
pois se levantam ou se deitam co’a sorte,
mas eu, por enquanto, encarado da morte,
queria na arte encontrar minha sina.

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