domingo, 20 de dezembro de 2009

Solidão

Dema

Solidão me traz poema,
Impulsiona a minha pena.
Convoca musas de estro
N’outro lado do Universo

Chegando devagarinho,
Se encontravam longe, longe,
Se achegando com carinho,
Me desnudam, jovem monge.
M’abraça a mais bela e beija,
Diz qual ser verso primeiro.
E uma a uma, desfilando,
Ditam até o derradeiro.
Eu que sequer tinha um tema,
Já burilando um poema,
Qu’as musas vão declamando
Na busca de outro vate,
Qual descabelado tanto,
Sem inspiração se abate.

Uma borboleta nova,
Vez liberado casulo,
Batendo as asas afora,
No espaço perambula.
Ressonando os versos muitos
Da obra mal acabada,
d’amores embevecidos,
Febris paixões se enlaçando,
Tramas de enlouquecidos,
Ternura se derramando.
Ora é a vida que goteja,
Me questiona ou dignifica
Que da morte Deus proteja
Quem lembranças crucifica.
Ou então é a natureza,
Esse espelho do Deus trino,
Que preenche co’a beleza
A minh’alma de divino.
E assim toco a labuta
De tentar novo poema,
Eis a minha eterna luta,
Qu’a solidão torna amena."
 
Só ela me traz poema,
Impulsiona a minha pena.
Convoca musas de estro
N’outro lado do Universo.


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